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China pode importar cerca de 4 milhões de toneladas de carne suína em 2020 Destaque

Escrito por  Mar 11, 2020

A queda na produção de proteína animal da China, derivada da falta de controle fitossanitário, aumenta a dependência do produto importado para atender a demanda interna do país. Tanto de carne bovina, como também de suína, cuja produção foi estimada em 54 milhões de toneladas em 2019.

A avaliação foi feita pelo sócio-consultor da MB Agro e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alexandre Mendonça de Barros, em entrevista à Globo Rural, concedida durante a feira de alimentos AnuFood, realizada em São Paulo (SP).

“Dado que há um déficit muito grande pela perda de rebanho, a China sai de 1.5 milhão de toneladas de carne suína que ela costumava importar, para que, nesse ano, talvez chegue em quatro milhões (de toneladas), o que é muito, já que o mercado mundial de carne suína representa 8.5 milhões de toneladas”, disse Barros, afirmando que a importação de frango também deve crescer.

O país asiático teve um déficit de 18 milhões de toneladas de carne suína no ano passado, o que gerou alta nos preços e estímulo na produção de frango, que chegou a 2.5 milhões de toneladas. “Entretanto, ao espalhar o frango rapidamente, o que acontece é um surto de Influenza Aviária, também fazendo os chineses liquidarem seus rebanhos. Veja a confusão sanitária do país”, declarou Barros.

O consultor avaliou que a China precisa definir a sua estratégia de mercado nos próximos anos, inclusive considerando a recuperação dos rebanhos, algo que ele julga como certo, apesar de difícil. “Será que eles vão chegar novamente na produção de 54 milhões de toneladas ou irão preferir produzir um pouco menos para diversificar a importação?”, questionou.

Acordo China e Estados Unidos

As diferentes possibilidades para o Brasil são independentes do acordo entre China e Estados Unidos, na visão do consultor. Ele acredita que os chineses não irão depender das exportações americanas. “Eu duvido que a China dependa de alimento americano. Esse acordo, para mim, é uma grande fantasia temporária para o Trump se eleger e porque a China precisa de carne de imediato”, disse Barros.

A alta demanda por alimento na China, aliás, tem mudado a composição da economia do país, afirmou Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda. “A China está passando de uma economia predominantemente de investimento para cada vez mais um país motivado pelo consumo. Haja vista a proporção do PIB em que o consumo tem aumentado, principalmente em artigo ligados à comida”.

Levy disse que tanto China quanto Estados Unidos têm fragilidades em suas economias e que o agronegócio brasileiro deve saber tirar proveito do cenário. “A contraparte da balança comercial americana é o comércio com os chineses, mas não há muita margem para que a atuação e a duplicação da venda de soja para a China cresçam de forma exponencial”.

 

Globo Rural