Os doutores Diego Vilela e Gadyston Carvalho, da Epamig, e o coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundaccer, João Paulo Felicori Carvalho, apresentaram os resultados de produtividade, rendimento e qualidade de bebida do primeiro ano de colheita. Para Gladyston, os resultados surpreendem: “Eu tenho 21 anos de Epamig e não esperava os resultados que encontrei. Nós acreditávamos no potencial das cultivares, que elas tinham um potencial de produção superior as que se plantam hoje. Acreditávamos também que podíamos mudar para melhor o padrão sensorial do Cerrado Mineiro. Agora os ganhos foram muito acima do esperado. Vamos garantir um aumento de produtividade e de qualidade nos cafés da região, mudando a variedade”.
Cada produtor recebeu resultados individuais de sua propriedade, visto que o objetivo do projeto é avaliar o comportamento das cultivares em cada microrregião e, com isso, desenvolver um guia de recomendação de cultivares que leve em conta altitude, regime pluviométrico, solo, relevo, espaçamento, entre outras variáveis.
Ainda segundo Gladyston, a pesquisa parte para o nível do cafeicultor do Cerrado Mineiro. “O produtor está num nível de tecnologia em que ele já realiza os tratos culturais com precisão, tem gestão altamente eficiente. Então o que nós queremos agora é inserir mais um componente nisso, que é o indicar por precisão cada cultivar para cada ambiente”, explicou.
As cultivares do projeto foram analisadas também sensorialmente e as melhoras foram provadas pelos produtores em um cupping. Algumas delas já chamaram a atenção pelo perfil sensorial exótico e outras pela complexidade. Em uma média geral, quando avaliadas as 21 unidades que já tiveram colheita neste ano, a cultivar MGS Paraíso 2, desenvolvida pela Epamig, tem apresentado boa produtividade e, em análise sensorial, também tem se mostrado superior.
Para Reginerio Faria, coordenador de transferência e difusão de tecnologia da Epamig Oeste, um dos grandes desafios da pesquisa é fazer com que os resultados cheguem até os produtores. “Hoje existe uma lacuna entre o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores nas instituições e os produtores, e há tempo busca-se uma forma de transferir essa tecnologia. Esse trabalho com as Unidades Demonstrativas, pelos resultados apresentados, geram uma grande expectativa de que essa tecnologia estocada no centro de pesquisa irá colaborar no avanço da cafeicultura no Cerrado Mineiro”, disse.
O produtor César João, de Monte Carmelo, está otimista. “Essas cultivares que estão sendo testadas, que são pouco conhecidas e pouco plantadas no Cerrado Mineiro, têm mostrado superioridade aos padrões da nossa região, que são os catuaí e mundo novo. Claro que cada propriedade tem suas características próprias, mas já é um início para verificarmos os potenciais para definirmos futuramente quais variedades plantar”, afirmou.
O coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundaccer, João Paulo Felicori, avalia a importância do projeto: “Essas primeiras informações são muito importantes para o entendimento do comportamento dessas novas cultivares nesses diversos locais. Ao final do projeto, esperamos poder disponibilizar para os produtores do Cerrado Mineiro uma maneira rápida e segura para escolha de cultivares, onde o produtor vai entrar com as informações de onde será o plantio e, como resposta, terá duas ou três opções de cultivares”.
Os resultados apresentados em primeira mão para os produtores das unidades serão compartilhados durante o Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro, que acontece no dia 29 de abril de 2020, no Centro de Excelência do Café, em Patrocínio (MG).
Estão sendo avaliadas para as condições do Cerrado Mineiro as cultivares: Catuaí Vermelho IAC 144 (testemunha de produtividade), Bourbon Amarelo IAC J10 (testemunha de qualidade de bebida), Topázio MG 1190, MGS Epamig 1194, Catiguá MG2, MGS Catiguá 3, MGS Ametista, Pau Brasil MG1, MGS Paraíso 2, MGS Aranãs, Sarchimor MG 8840 e IAC 125 RN.
O projeto é uma iniciativa da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Fundaccer e Epamig. Conta com o apoio do CNPq, Consórcio Pesquisa Café, INCT Café e Emater.
CAFÉPOINT