Trinta famílias de Rondônia usam um método alternativo para a produção de alimentos. Elas moram na área rural de Porto Velho e Candeias do Jamari e usam o Sistema Mandala, que é o cultivo associado em forma de círculos.
Os moradores trabalham com a agroecologia, vendem os produtos em feiras na cidade, e com o novo sistema, a rende deve aumentar. Na implantação do projeto, toda a construção é feita por meio de mutirão. Todos da comunidade ajudam de alguma forma.
"O projeto se caracteriza como produção agroecológica integrada e sustentável. Esse projeto é uma tecnologia social, desenvolvida para pequenos produtores, ele se adapta em pequenas propriedades", explica o engenheiro agrônomo, Pedro Bonifácio.
Este sistema é autossustentável e um dos mais indicados para pequenas propriedades. Foi elaborado em Pernambuco e tem uma estrutura montada no centro do canteiro, que ficar deve a um metro de distância da primeira fileira de hortaliças. O plantio é feito ao redor, de forma circular, com 50 centímetros de distância entre elas. A ideia é que sejam para culturas de ciclo rápido.
A produção integrada pode usar um galinheiro no centro do círculo, mas também pode ser usado um tanque de piscicultura. Os animais fazem o controle biológico, já o esterco produzido por eles é usado na adubação.
"Essa criação de aves no centro, além de ajudar na renda, também serve como aproveitamento da sobra da horta, e também ajuda no controle de insetos, uma vez que alguns insetos que possam ser atraídos pela horta, ao adentrar a região do galinheiro, as galinhas vão se alimentar deles", fala Pedro Bonifácio.
A produtora rural Ednéia da Silva mora na área há quatro anos, planta e vende verduras variadas. Ela tem parte do sistema instalado e fala das vantagens.
"É um sistema muito bom, não usa veneno, e também é diferente porque geralmente todo mundo planta retinho, compridinho. Esse é novo, atrai a gente para mexer", comenta Ednéia.
Com o projeto, as famílias recebem também placas solares, que ajudam no processo de irrigação. Um outro ponto importante é que quem recebe o kit firma o compromisso de ajudar o meio ambiente com o reflorestamento. Eles devem plantar 100 mudas nos primeiros três anos, segundo o coordenador do Movimento Atingido por Barragens em Rondônia (MAB-RO), Miquéias Ribeiro.
"Ele contempla o reflorestamento. A ideia é que além da família ter um alimento saudável, poder vender, produzir sem veneno, essas famílias vão ter a placa solar para ter energia e também reflorestar sua área de terra, reflorestar em volta da sua horta", conta Miquéias.
Com a chegada do material no sítio, um ajuda o outro na instalação dos equipamentos. A dona Valena Palheta ficou feliz de ser contemplada com o projeto, principalmente porque o problema com a energia deve ser solucionado.
"O povo falava e a gente nem acreditava que ai acontecer, aí quando veio a notícia a gente ficou feliz principalmente por causa da luz. As placas vão fazer uma diferença enorme na nossa vida, não vai faltar energia e dá até para colocar uma chocadeira", comenta dona Lena.
O coordenador do MAB também explica que com as 30 famílias atendidas até o momento pelo projeto, muitas outras são beneficiadas na comunidade.
"Eu acho que vai ajudar muito as famílias, não só essas 30 como as outras famílias dos assentamentos, a comunidade. Porque não come só a família que está no projeto, elas ajudam outras famílias a ter alimentos saudáveis, ajuda outras famílias a ter acesso a esse projeto", finaliza Miquéias.
Fonte: G1 Globo.