As novidades das seis picapes médias atualmente à venda no Brasil são pontuais, mas a concorrência delas é tão acirrada que mesmo a menor das mudanças pode impactar no resultado.
E já adiantamos: as atualizações de três das seis picapes convocadas para esse comparativo influenciaram até na campeã.
Reunimos Amarok V6 Highline, Frontier LE, Hilux SRX, L200 HPE-S, Ranger Limited e S10 Highcountry, todas diesel e 4×4, e revelamos quais as melhores opções para você.
6° Mitsubishi L200 Triton Sport HPE-S – R$ 188.990

A L200 HPE-S é a única do comparativo com tração 4×4 e bloqueio mecânico do diferencial central e traseiro — atributo para andar bem na terra.
Mas a Mitsubishi também tem virtudes para a vida urbana, com o menor diâmetro de giro do segmento (o que facilita manobras) e a nova tampa de caçamba com trava elétrica e controle na chave.
Mas a modernidade não chegou ao interior, que destoa da concorrência com iluminação vermelha e quadro de instrumentos com um simples LCD monocromático no meio.
O painel teve poucas mudanças e usa um LCD monocromático no quadro de instrumentos Christian Castanho/Quatro Rodas
Por outro lado, a L200 entrega conforto de sobra, com ótimo isolamento acústico e o melhor banco traseiro, com encosto inclinado e bom espaço para as pernas.
A suspensão macia também ajuda neste quesito — mas atrapalha nos outros.
O conjunto é tão mole que não impede que o pneu traseiro fique no ar em uma mudança brusca de direção seguida por frenagem.
A tampa da caçamba finalmente passou a adotar travamento, elétrico ou por chave Christian Castanho/Quatro Rodas
Uma situação crítica, claro, mas que todas as outras picapes cumpriram com mais eficácia.
Apuro mais constante será manter a L200 no dia a dia: além de ter o pior consumo, seu seguro é elevado e ela possui o maior valor para revisões deste comparativo.
Para piorar, ela adotará dentro de um ano o visual da Pajero Sport, como antecipamos na edição de janeiro.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,8 s
0 a 1.000 m: 33,8 s – 149,5 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 5,3 s
D 60 a 100 km/h: 7,3 s
D 80 a 120 km/h: 12,1 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 16,1/29,3/65,1 m
Consumo
Urbano: 8,3 km/l
Rodoviário: 10,4 km/l
Custos
Seguro – R$ 5.702
Revisões até 60.000 km – R$ 7.406
Peças – R$ 15.535
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 188.990
Motor: diesel, diant., long., 4 cil. em linha, 2.442 cm3, 16V, 86,0 x 105,1 mm, 15,5:1, 190 cv a 3.500 rpm, 43,9 mkgf a 2.500 rpm
Câmbio: aut., 5 marchas, 4×4 com reduzida e bloqueio no diferencial traseiro e central
Suspensão: braço sobreposto (d)/eixo rígido com molas semielípticas (t)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Direção: hidráulica, 11,8 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga leve, 265/65 R17
Dimensões: comp., 528 cm; largura, 182 cm; altura, 179,5 cm; entre-eixos, 300 cm; altura livre do solo, 22 cm; peso, 1.950 kg; tanque, 75 l; caçamba, 1.046 l; capacidade de carga, 1.000 kg
5° Toyota Hilux SRX – R$ 205.590
Caçamba é travada só pela chave; rodas aro 18 têm visual chamativo Christian Castanho/Quatro Rodas
A estabilidade da Hilux já foi motivo de piada na internet, mas a vida real é bem mais monótona. Mesmo que ela assuste em mudanças bruscas de direção, seu ESP ainda consegue lidar com abusos melhor do que a L200.
Mas estável mesmo é seu desempenho em vendas, capaz de mantê-la na liderança há três anos.
O anacrônico relógio digital no painel segue firme, ao contrário do multimídia, trocado na linha 2020 Christian Castanho/Quatro Rodas
A lista de equipamentos ajuda a entender isso: sete airbags de série em todas as versões, sistema multimídia renovado na linha 2020 (a unidade fotografada, gentilmente cedida pela Maggi Motors, era modelo 2019 e não tinha o equipamento) e atenção especial aos ocupantes.
A primeira picape média a adotar uma proposta urbana e confortável mostra que ainda conhece o mercado com itens como dois pequenos ganchos para sacolas atrás dos encostos dianteiros, essenciais para um veículo sem porta-malas.
Mas a boa reputação não ajuda os 177 cv do 2.8 turbodiesel, que foi responsável pelos piores números de desempenho do comparativo, ainda que o câmbio de seis marchas se esforce para compensar a letargia.
O gasto com combustível não será tão elevado, ao contrário do valor necessário para fazer as seis primeiras revisões e pagar por pequenos danos: só o farol esquerdo custa mais de R$ 9.200. E ela é, pelo menos, R$ 10.000 mais cara que as rivais.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 13,7 s
0 a 1.000 m: 34,9 s – 148 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 5,8 s
D 60 a 100 km/h: 7,9 s
D 80 a 120 km/h: 10,6 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 15,9/28,9/68,3 m
Consumo
Urbano: 9,6 km/l
Rodoviário: 11,8 km/l
Custos
Seguro – R$ 4.633
Revisões até 60.000 km – R$ 6.954
Peças – R$ 14.680
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 205.590
Motor: diesel, diant., long., 4 cil. em linha, 2.755 cm3, 16V, 92,0 x 103,6 mm, 15,6:1, 177 cv a 3.400 rpm, 45,9 mkgf a 1.600 rpm
Câmbio: aut., 6 marchas, 4×4 com reduzida e bloqueio no diferencial tras.
Suspensão: braço sobreposto (d)/eixo rígido com molas semielípticas (t)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Direção: hidráulica, 12,8 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga leve, 265/60 R18
Dimensões: comprimento, 531,5 cm; largura, 185,5 cm; altura, 181,5 cm; entre-eixos, 308,5 cm; altura livre do solo, 28,6 cm; peso, 2.090 kg; tanque, 80 l; caçamba, 1.000 l; capacidade de carga, 1.000 kg
4° Nissan Frontier LE – R$ 194.790
Alças na coluna B facilitam o embarque de quem vai atrás Christian Castanho/Quatro Rodas
Se considerarmos o pedigree, a Frontier seria a mais nobre deste comparativo. Só ela deu origem a dois outros modelos, incluindo uma versão feita pela Mercedes-Benz.
A picape japonesa importada da Argentina pode não ter o status da Classe X, mas ao menos seu futuro no Brasil não é incerto como o da irmã alemã. E seu pacote de equipamentos está longe de decepcionar.
Na versão de topo, LE, há faróis de leds, sistema de câmera com visão de 360° e até teto solar elétrico em uma cabine bem acabada e espaçosa.
Câmeras nos retrovisores e sob o logotipo projetam uma imagem de baixa resolução no (confuso) sistema multimídia. A maior parte do painel é emborrachada Christian Castanho/Quatro Rodas
Mas lotar um veículo de equipamentos não resulta necessariamente em praticidade para o consumidor.
As quatro câmeras, por exemplo, têm resolução baixa e ajudam menos em manobras apertadas do que sensor de estacionamento dianteiro, ausente na Nissan.
E mesmo a exclusividade do teto solar cobra seu preço, reduzindo consideravelmente o espaço para a cabeça dos ocupantes, sobretudo os traseiros.
– Christian Castanho/Quatro Rodas
A dinâmica está em um bom meio-termo entre o conforto e a capacidade de acompanhar carros menores em curvas sem sustos.
O desempenho adequado contrasta com o ruído elevado, sobretudo a 120 km/h. Com custo de propriedade baixo, o maior problema da Nissan é ter três rivais ainda melhores do que ela.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,4 s
0 a 1.000 m: 33 s – 159,5 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 4,9 s
D 60 a 100 km/h: 6,3 s
D 80 a 120 km/h: 8,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 16,2/30,5/71,8 m
Consumo
Urbano: 9,0 km/l
Rodoviário: 11,7 km/l
Custos
Seguro – R$ 4.937
Revisões até 60.000 km – R$ 5.634
Peças – R$ 8.132
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 194.790
Motor: diesel, diant., long., 4 cil. em linha, 2.298 cm3, 16V, 85,0 x 101,3 mm, 15,4:1, 190 cv a 3.750 rpm, 45,9 mkgf a 1.500 rpm
Câmbio: aut., 7 marchas, 4×4 com reduzida e bloqueio no diferencial tras.
Suspensão: braço sobreposto (d)/eixo rígido com molas helicoidais (t)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Direção: hidráulica, 12 m (diâm. de giro)
Rodas e pneus: liga-leve, 255/60 R18
Dimensões: comp., 526,4 cm; largura, 185 cm; altura, 186 cm; entre-eixos, 315 cm; altura livre do solo, 24,1 cm; peso, 2.115 kg; tanque, 80 l; caçamba, 1.054 l; capacidade de carga, 1.000 kg
3° VW Amarok High V6 – R$ 195.990
A Amarok V6 é dona da maior caçamba e capacidade de carga do segmento Christian Castanho/Quatro Rodas
Quando a Amarok V6 chegou pela primeira vez à QUATRO RODAS, houve quem fizesse previsões fatalistas. “Muita gente vai se machucar com esse carro”, diziam motoristas recém-impressionados com o desempenho da picape mais rápida do Brasil.
De fato, o seis-cilindros de 225 cv (que vai a 245 cv quando se pisa fundo em retomadas) entrega velocidades teoricamente incompatíveis com as 2,18 toneladas da Amarok.
Painel de plástico rígido e aparência simples contrasta com os confortáveis bancos com ajuste elétrico Christian Castanho/Quatro Rodas
Felizmente, a engenharia alemã fez um excelente trabalho para domar a cavalaria, com direito a freios a disco ventilado nas quatro rodas, suspensão firme e pneus voltados para o asfalto (ao contrário dos de uso misto da concorrência).
O painel manteve o aspecto simples e plástico rígido, e o decano controle de velocidade na ponta da chave de seta foram mantidos, mas a VW tentou compensar isso com faróis bixenônio e sistema multimídia com “amplificação de voz eletrônica”.
Motor V6 e tração integral são exclusividades neste comparativo Christian Castanho/Quatro Rodas
Ele basicamente reproduz conversas da cabine nos alto-falantes, algo desnecessário em uma das picapes mais silenciosas do comparativo.
O que precisava, mesmo, é um custo de propriedade menor. Só o seguro passa dos R$ 6.500, e seu consumo de combustível é elevado. É o preço para manter tanto cavalo.

Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 8,2 s
0 a 1.000 m: 30 s – 172,1 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 3,6 s
D 60 a 100 km/h: 4,7 s
D 80 a 120 km/h: 6,0 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 15,9/27,6/62,9 m
Consumo
Urbano: 9,4 km/l
Rodoviário: 11,6 km/l
Custos
Seguro – R$ 6.535
Revisões até 60.000 km – R$ 6.044
Peças – R$ 10.576
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 195.990
Motor: diesel, diant., long., 6 cil. em V, 2.967 cm3, 24V, 83,0 x 91,4 mm, 17,0:1, 225 cv a 4.000 rpm, 56,1 mkgf a 1.500 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral com reduzida e bloqueio no diferencial central e traseiro
Suspensão: braço sobreposto (d)/eixo rígido com molas semielípticas (t)
Freios: disco ventilado (d/t)
Direção: hidráulica, 12,9 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga-leve, 255/60 R18
Dimensões: comprimento, 525,4 cm; largura, 195,4 cm; altura, 183,2 cm; entre-eixos, 309,7 cm; altura livre do solo, 24 cm; peso, 2.185 kg; tanque, 80 l; caçamba, 1.280 l; capacidade de carga, 1.105 kg
2° Chevrolet S10 Highcountry – R$ 191.990
Santantônio estilizado dá um visual diferenciado à Highcountry Christian Castanho/Quatro Rodas
A S10 foi a última picape a bater o domínio da Hilux em vendas, no já distante 2015. É verdade que a concorrente japonesa se manteve no topo, mas a Chevrolet vem fazendo sua lição de casa para recuperar.
Tanto que a picape é o único modelo da GM feito no Brasil a ter alerta de mudança inadvertida de faixa e aviso de colisão. É verdade que ela não freia sozinha, mas já faz mais do que 66% da concorrência.
Interior é bem-acabado e assistentes de segurança ativa ajudam. Somente S10 e Hilux possuem ar-condicionado digital de uma zona Christian Castanho/Quatro Rodas
O motor de 200 cv só não supera o V6 da Amarok, e brilhou na pista. Foram 9,97 s no 0 a 100 km/h (ante os 8,7 s da VW) e consumo inversamente proporcional ao desempenho, com o melhor índice no ciclo rodoviário e sede moderada também na cidade.
Por falar nisso, é na selva de pedra que a Chevrolet brilha — e olha que ela é a única a usar faróis baixos halógenos.
– Christian Castanho/Quatro Rodas
Mas o santantônio estilizado e o visual ainda atual chamam a atenção do lado de fora, enquanto a cabine de acabamento elegante com bancos confortáveis atendem a quem vai dentro. Melhor que isso, só se ela fosse mais equipada — como a campeã do comparativo.
– Christian Castanho/Quatro Rodas
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 10 s
0 a 1.000 m: 31,9 s – 160,1 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 4,3 s
D 60 a 100 km/h: 5,6 s
D 80 a 120 km/h: 7,6 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 14,1/26,4/59,1 m
Consumo
Urbano: 9,2 km/l
Rodoviário: 12,7 km/l
Custos
Seguro – R$ 3.571
Revisões até 60.000 km – R$ 5.916
Peças – R$ 10.214
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 191.990
Motor: diesel, diant., long., 4 cil. em linha, 2.776 cm3, 16V, 94,0 x 100,0 mm, 16,5:1, 200 cv a 3.600 rpm, 51 mkgf a 2.000 rpm
Câmbio: aut., 6 marchas, 4×4 com reduzida e bloqueio no diferencial tras.
Suspensão: braço sobreposto (d)/eixo rígido com molas semielípticas (t)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Direção: elétrica, 12,7 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga-leve, 265/60 R18
Dimensões: comp., 540,8 cm; largura, 187,4 cm; altura, 183,9 cm; entre-eixos, 309,6 cm; altura livre do solo, 22,8 cm; peso, 2.101 kg; tanque, 76 l; caçamba, 1.061 l; capacidade de carga, 1.049 kg
1° Ford Ranger Limited – R$ 188.990
A câmera de ré fica escondida sob o logotipo da Ford Christian Castanho/Quatro Rodas
Quem leu a avaliação da Ranger na edição de julho pode não se surpreender com o resultado deste comparativo. O excelente custo/benefício da Ford se manteve na linha 2020, cuja atualização visual é o que menos interessa.
O mais importante é a melhoria em segurança, com o (exclusivo) controlador de velocidade adaptativo, agora capaz de frear sozinho e impedir colisões a baixas velocidades.
O quadro de instrumentos digital é exclusivo do segmento, assim como o controlador de velocidade adaptativo com frenagem de emergência Christian Castanho/Quatro Rodas
Um par perfeito para o assistente de manutenção de faixa, outra exclusividade.
A Ranger também anda bem, apesar do cinco-cilindros cobrar isso com um consumo mais elevado. A tranquilidade entregue pelos macios bancos dianteiros continuará por todo o tempo que você estiver com ela na garagem.
– Christian Castanho/Quatro Rodas
Nas cotações de peças e seguros feitos pela SUIV e TEX/Teleport, respectivamente, a Ranger foi a que obteve os menores índices.
Manter a picape da Ford dentro da (também exclusiva) garantia de fábrica de cinco anos não será oneroso: são R$ 6.017 pelas seis primeiras revisões contra os R$ 7.276 da cara L200 e próximo dos R$ 5.916 da vice-campeão, S10.
É verdade que quem está no topo só tem uma direção para ir. Mas, se ficar mais econômica, a Ranger tem tudo para manter o título de campeã pelos próximos anos.
– Christian Castanho/Quatro Rodas
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,4 s
0 a 1.000 m: 33,0 s – 156,2 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 4,8 s
D 60 a 100 km/h: 6,4 s
D 80 a 120 km/h: 8,9 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 14,9/26,4/59,7 m
Consumo
Urbano: 8,8 km/l
Rodoviário: 11 km/l
Custos
Seguro – R$ 3.593
Revisões até 60.000 km – R$ 6.017
Peças – R$ 6.415
Fonte: https://quatrorodas.abril.com.br/testes/comparativo-de-picapes-ranger-encara-hilux-s10-amarok-frontier-e-l200/amp/