Taxa de diminuição número de propriedades produtoras de leite em diferentes países (período entre 2002 e 2018) Taxa de diminuição número de propriedades produtoras de leite em diferentes países (período entre 2002 e 2018)

Quantos produtores de leite queremos ter no Brasil? Destaque

Escrito por  Nov 19, 2019

De acordo com o Censo Agropecuário 2017, recém divulgado pelo IBGE, o número de propriedades que produziram leite de vaca no Brasil somou 1.176.295 em 2017, e foi 13% menor do que o apresentado pelo Censo Agropecuário realizado em 2006, que totalizou 1.350.809 estabelecimentos. Assim, durante este intervalo de 11 anos, aproximadamente 175 mil propriedades fecharam as portas, uma taxa de fechamento de propriedades de cerca de 1,2% ao ano. Dentre estas propriedades que “desapareceram”, destacam-se as menores propriedades, de até 5 hectares, que tiveram seu número reduzido em 22%.

Ainda que muitos produtores brasileiros tenham saído da atividade, este número, encontra-se bem abaixo da taxa observada em lugares em que a produção leiteira é mais consolidada e produtiva que a brasileira, como a União Europeia e Estados Unidos, por exemplo. Nestes locais a taxa de desaparecimento de propriedades leiteiras gira em torno de 4,2% ao ano. No gráfico 1 é possível observar que países que possuem uma produtividade maior que a brasileira, portanto, mais efetivos e com uma produção mais consolidada, apresentam uma taxa de diminuição do número de propriedades produtoras de leite maior que a nossa.

Gráfico 1. Taxa de diminuição número de propriedades produtoras de leite em diferentes países (período entre 2002 e 2018) (*)

Assim, de forma geral, a exclusão de produtores de leite no Brasil foi, até o momento, bastante pequena se comparada a de outros países/regiões produtoras, inclusive aquelas com a cadeia leiteira mais consolidada do que a brasileira (na média dos países/regiões, o número de produtores que deixaram o leite caiu, em média, 4,2% no período analisado). Esta enorme fragmentação da produção de leite no Brasil traz algumas consequências para a estrutura de produção e para o mercado lácteo nacional.

Dos ainda numerosos 1.176.295 produtores de leite mapeados pelo Censo 2017, somente 634.480 comercializaram sua produção de leite. Assim, o leite consumido pela maioria dos brasileiros vem somente de 54% dos que produzem leite. No entanto, o leite produzido pelos 46% restantes pode “entrar e sair” do mercado, em função dos preços pagos e da rentabilidade da atividade. Assim, esta enorme fragmentação, associada a um número também grande de leite “fora” dos canais oficiais de comércio e consumo, colaboram significativamente para as oscilações de preço no mercado e para a instabilidade dos valores pagos aos produtores. Assim, um dos maiores problemas do produtor é o próprio produtor (aquele que faz parte dos 46% não comercializados).

Muitas outras implicações desta queda ainda pequena no número de produtores de leite no Brasil podem ser exploradas e serão objeto de outra análise, mas uma indicação é clara: ao ouvir dizer que a cadeia leiteira no Brasil está excluindo muitos produtores do processo, duvide!

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