Superar esses desafios, no entanto, exige cuidados que se iniciam antes mesmo da floração: na pré-florada. Neste período, o produtor rural precisa estar atendo a todas as necessidades que vão garantir o maior nível de pegamento possível das flores. No caso da irrigação, é preciso considerar alguns pontos fundamentais, como, por exemplo, a técnica de irrigação deficitária na pré-florada.
O engenheiro agrônomo da Netafim/Amanco e especialista em café, Iuri Santos, dá algumas dicas para realizar o correto manejo de irrigação pré-florada:
- Irrigação deficitária: a técnica consiste em oferecer um volume limitado de água às plantas, que garantirá a uniformização da florada e da produção dos frutos, facilitando a colheita e aumentando a qualidade da bebida.
- A planta necessita estar sob déficit hídrico, não estressada: no processo de irrigação deficitária, é fundamental manter o equilíbrio da umidade do solo na camada superficial, entre capacidade de campo (água facilmente disponível) e o ponto de murcha permanente (PMP), que é o teor de umidade no qual a planta não consegue mais retirar água do solo.
- Sintomas de mucha: embora o que queiramos seja deixar as plantas em condição de déficit, o produtor precisa estar atendo para não permitir sintomas de murcha, amarelecimento e quedas de folhas.
- Também é fundamental monitorar a tensão de água no solo (Tensiometria), para garantir o nível ideal da umidade do solo.
- Manter a planta sem estímulos vegetativos, em dormência, para sincronização floral e uniformidade da produção dos grãos.
- Não induzir floração (antese), pois são necessárias mudanças significativas no clima.
- Monitorar a temperatura, umidade relativa do ar, radiação e umidade do solo.
Para ajudar em safras mais produtivas, a Netafim/Amanco desenvolve sistemas de irrigação por gotejamento para o café. A solução atende produtores de todos os portes, e o retorno do capital investido pode ocorrer em até dois anos após a implantação.
Em Ibiraci, interior de Minas Gerais, o cafeicultor Fernando Ribeiro, proprietário do Sítio Santo Antônio, adotou o sistema de irrigação inteligente em 2011. Ele conta que os 22 hectares da fazenda eram praticamente improdutivos, devido ao solo extremamente arenoso. “Durante três anos tentei levar a produção de café arábica no sequeiro, mas a produtividade era muito baixa, por contato do solo extremamente arenoso. Depois que adotei a irrigação por gotejamento, passei a produzir uma média de 50 sacas por hectare. Consegui sair de uma condição lavoura ineficaz, para uma realidade de produção economicamente viável e em menos de dois anos paguei o investimento que fiz”, relata.
A irrigação inteligente também foi a tecnologia escolhida pelo cafeicultor Ricardo Santos, da Fazenda Bela Vista. Na propriedade, a proposta era implantar um cafezal com as melhores soluções disponíveis e garantir uma produção precoce. “A instalação da lavoura de arábica já com o sistema de gotejamento possibilitou antecipar em um ano a colheita da primeira safra”, conta. Além disso, a produtividade de 56 sacas por hectare, já nos primeiros anos, permitiu o pagamento rápido do investimento na irrigação. “Estou a cinco anos produzindo na área e já obtive o retorno total dos investimentos, tanto de infraestrutura da fazenda, quanto de implantação do cafezal”, destaca.
Também em Minas Gerais, a Fazenda São Manoel, no município de Serra do Salitre, adotou a irrigação por gotejamento subterrâneo e nutrirrigação em 2013, conseguindo aumentar em 30% a produtividade, com uma média atual de 55 sacas por hectare. Mesmo nos períodos de menor preço do grão, os ganhos na produção refletiram em maior rendimento na atividade, como conta o cafeicultor José Antônio Vitral. “Quando o café está em baixa, pensar na produtividade torna-se ainda mais essencial para rentabilidade da atividade. Investir na irrigação inteligente é um passo importante nessa direção. Os ganhos de produtividade e as economias que tive me permitiram pagar o investimento em apenas quatro safras, sendo que terei mais de 15 anos para usufruir da tecnologia", diz.
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