Liderada pelo Palácio do Planalto e com foco também em áreas como economia, inovação e tecnologia, a estratégia busca unificar o discurso do governo em torno de temas que têm se tornado alvo de críticas na imprensa internacional, como o uso de agrotóxicos, o desmatamento, além de questões ligadas à comunidade indígena.
A ideia é que a campanha comece a ser veiculada em veículos populares de comunicação no exterior, principalmente na Europa e nos EUA, a partir de meados de setembro. As agências de publicidade que têm contrato com o Planalto já foram acionadas.
Alinhada com a bancada ruralista do Congresso e entidades do setor de agronegócios como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já vinha articulando uma ação nesse sentido para rebater o que chama de “desinformações” sobre o impacto ambiental da agropecuária brasileira, entre outros pontos.
Em suas viagens por China, Japão, Vietnã, Indonésia, Itália e Bélgica, no primeiro semestre, Tereza ouviu queixas de entidades empresariais e de governos sobre a postura da gestão Bolsonaro em relação à política ambiental. A ministra chegou a declarar que há “má vontade” de vários países importadores com o Brasil, “agravada ao longo dos últimos anos”.
Sobretudo depois do fechamento do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) acelerou a estratégia, que também contará com a atuação de Itamaraty, Apex, Embratur e dos ministérios do Meio Ambiente, da Economia, da Infraestrutura e do Turismo. Nesse sentido, duas reuniões ministeriais já foram realizadas no Planalto, conforme apurou o Valor.
Como os temas ligados ao agronegócio têm grande apelo internacional em consequência do protagonismo do Brasil como um dos principais exportadores de commodities agrícolas do mundo, a campanha terá a missão de tentar difundir que a agricultura brasileira é moderna e que os alimentos produzidos no país são seguros e que, por isso, são vendidos para centenas de países.
Apesar de ter um papel de defesa e de estar sendo pensada desde o início do ano, a campanha do governo federal ganha força após recentes declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro e de ministros como Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Há dois dias, o presidente do Conselho de Exportadores de Soja dos EUA, Jim Sutter, fez uma publicação em suas redes sociais mencionando um artigo recente da revista “The Economist”, que cita Bolsonaro como o acelerador da destruição da Amazônia.
“Será muito interessante ver como os importadores de soja do mundo reagem a isso, fechando os olhos ou olhando para origens alternativas onde as regras de conservação protegem e melhoram o meio ambiente como os EUA”.
Fonte: SNA.