Para o presidente da SNA, “o crescimento das exportações brasileiras para a China foi resultado não somente do aumento da demanda do país asiático e da elevação de preços de algumas commodities, como também da retaliação chinesa aos EUA”.
“Isso pode contribuir para a exportação de produtos com maior valor agregado”, ressaltou Alvarenga, complementando que a pauta de exportações para a China deverá ser estendida aos demais produtos nacionais, inclusive a carne bovina.
“Nos últimos quatro anos, a importação chinesa da carne bovina brasileira aumentou de forma significativa e já representa cerca de um terço da exportação anual do Brasil”, destacou Alvarenga, lembrando ainda que “a China também é um mercado importante e um parceiro grande quando o assunto é etanol”. Outras oportunidades nos mercados de lácteos, café e frutas foram ressaltadas pelo presidente da SNA.
Além disso, Alvarenga falou sobre a expectativa de aumento dos investimentos chineses na produção, processamento, infraestrutura, logística e tecnologia no setor agropecuário. “O Brasil precisa adotar políticas facilitadoras ao investimento e cooperação”, enfatizou.
Também fizeram parte do painel sobre agronegócio o embaixador Orlando Leite Ribeiro, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura , e Marcos Jank, coordenador do Centro de Agronegócio Global do Insper. Em sua palestra, Jank disse que “o Brasil é um grande produtor e a China, grande consumidor. Temos mercado aberto em soja, algodão e celulose, mas no caso da carne é difícil. Ainda há protecionismo”.
Novos acordos
Em almoço oferecido por ocasião da conferência, Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, afirmou que o estabelecimento de parcerias é fundamental para que o Brasil possa crescer em termos comerciais e tecnológicos.
“Estamos fazendo nossa lição de casa não apenas em termos de simplificação tributária, melhoria do ambiente de negócios, mas também com novos acordos comerciais que vão permitir ao Brasil o acesso às melhores tecnologias do mundo. Esse casamento entre oportunidades externas e uma melhoria interna vai acabar resultando não apenas na expansão horizontal que o Brasil oferece a China, mas também na sua maior agregação de valor”, disse o secretário.
Ainda durante o encontro também foram debatidas questões envolvendo investimentos em ferrovias, portos e aeroportos, gás e novas fontes de energia, como a eólica.
Investimentos
Outro destaque foi o lançamento de um estudo sobre os investimentos chineses no Brasil em 2018, produzido pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
O levantamento mostra que entre 2007 e 2018 o volume investido pelos chineses no Brasil foi de US$ 60 bilhões, com queda de 66% no ano passado, ficando na casa dos US$ 3 bilhões, mesmo com recorde de 30 projetos confirmados.
Segundo o estudo, entre os motivos para esta queda estão fatores como a troca de governo no Brasil com eleições conturbadas, privatizações, leilões e concessões, aliados à instabilidade econômica.
SNA