Os ganhos de curto prazo, com a melhoria dos preços na exportação, servem para o exportador direto, mas em termos gerais do país, com a crise mundial que se estabeleceu de forma mais aguda desde o ano passado, estamos vendendo menos e com preços médios menores. Já pensando no produtor de soja, por exemplo, o mesmo ganha no curto prazo com o câmbio, porém, as baixas em Chicago e nos prêmios retiram, no momento, parte deste ganho cambial.
Há um forte risco de o custo futuro de produção disparar, penalizando o agronegócio em geral. Afinal, todos os produtos consumidos no agro, de alguma forma, possuem algum componente importado, senão mais de um. E nossa realidade mostra que o preço da commodity baixa rapidamente quando o câmbio volta ao normal, enquanto os insumos dificilmente baixam de preço na mesma proporção.
As vezes nem mesmo baixam. Assim, esta instabilidade cambial é o pior dos mundos para o setor exportador/importador, pois não oferece segurança para os negócios futuros. "É importante destacar que o Real se desvaloriza não só pelos efeitos externos, que são importantes é verdade. Há também efeitos internos, particularmente com a forte saída de capitais externos também motivada pela instabilidade política provocada pelos posicionamentos do presidente Bolsonaro, o que deixa a equipe econômica em dificuldades seguidamente. Isso piora o quadro, pois não se vê perspectiva de mudança deste cenário interno no médio prazo, sem falar no fato de que a economia continua não deslanchando (PIB de apenas 1,1% no ano passado) e 2020 já é um ano praticamente perdido diante dos eventos externos e internos ocorridos até o momento e pelo fato de tudo parar a partir de julho devido às eleições municipais. Especialmente no que diz respeito ao Congresso Nacional", ressalta Argemiro.
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