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Dairy Vision 2019: "o consumidor mudou mais rápido que a percepção da indústria" Destaque

Escrito por  Nov 28, 2019

O primeiro painel do Dairy Vision 2019, evento realizado entre os dias 26 e 27/11 na Expo Dom Pedro, em Campinas/SP, teve como tema central a “Visão geral do mercado regional”. As discussões giraram em torno de dois assuntos principais: tendência de consumo de lácteos e perspectivas de mercado para o produtor e indústria. O público conferiu apresentações feitas por grandes nomes no assunto: Thiago Torelli, da Nielsen; Ariel Londinsky, da Fepale; Rami Goldfajn, da McKinsey; Valter Galan, do MilkPoint Mercado e Andrés Padilla, do Rabobank.

É consenso que o ano de 2019 foi bastante desafiador para a indústria láctea, visto que as expectativas eram altas e a economia do país não foi correspondente, impactando diretamente no consumo. Produtos lácteos com valor agregado (como requeijão, cream cheese, leite fermentado, entre outros), que são extremamente elásticos, logo, foram responsáveis pela retração na cesta de lácteos. Mas essa retração não foi necessariamente apenas em volume consumido, mas também em valor. Ou seja, forçados pela economia ruim, os consumidores acabaram experimentando marcas mais baratas e viram que estas ofereciam uma qualidade satisfatória, e, mesmo com a economia se recuperando, não voltaram para os produtos mais caros. Assim, foi observada uma grande queda na fidelidade às marcas, com os consumidores bem mais abertos a experimentar produtos diferentes.

Essa abertura não se restringiu apenas às marcas novas, mas também a produtos diferenciados e que apresentassem um melhor custo benefício, como embalagens com volume menor para as famílias, por exemplo. Na onda de produtos diferenciados, tem sido observado no Brasil e no mundo uma constante busca por saudabilidade. Segundo dados de pesquisa da McKinsey, 47% dos brasileiros buscaram ter uma alimentação mais saudável no último ano. Além disso, observou-se um aumento na leitura de rótulos, busca por produtos orgânicos, menos processados, locais e rastreáveis. Essas mudanças no consumo foram muito repentinas e observa-se uma dificuldade da indústria em acompanhá-las, como foi salientado por Marcelo Pereira de Carvalo, CEO da AgriPoint e moderador do painel, e por Andrés Padilla.

Em relação aos lácteos, especificamente, observa-se um considerável número de pessoas experimentando possíveis substitutos. Dentre os motivos que as levam a fazer isso, destaca-se, surpreendentemente, a curiosidade e a necessidade de uma experiência nova. Então, fica a questão: será que essa experiência não pode ser proporcionada pelos próprios lácteos? Outras motivações para o consumo de substitutos são saúde, preocupação com meio ambiente, bem-estar animal e intolerância à lactose.

Essa grande mudança no comportamento do consumidor foi atribuída à busca por informação, sobretudo na internet, por meio dos aparelhos mobiles (celulares). Apesar disso, destacou Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da AgriPoint e moderador do painel, “o consumidor nunca teve tanta informação disponível, mas paradoxalmente nunca esteve tão mal informado”.

Sobre perspectivas para o mercado de 2020, Valter Galan expôs que as previsões são de ligeira recuperação da economia. Por outro lado, o preço dos grãos (milho e soja) estará mais elevado no próximo ano, aumentando o custo de produção de leite. Ainda assim, prevê-se um incremento de 3% na produção do país e o cenário é de uma breve recuperação da demanda. Andrés Padilla, contudo, acredita que o mercado lácteo continuará desafiador e que, mesmo com a recuperação da economia, o consumo não deve acompanhar esse aumento linearmente.

MILKPOINT

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