"Tudo começou em 1978. Meu avô, José Tápparo tinha uma transportadora de combustíveis e fazia a cachaça para consumo próprio e para presentear amigos e familiares. Mas o sucesso foi tão grande que ele viu uma oportunidade de negócio", diz Breno Tápparo, um dos sócios-proprietários do engenho.
Com o passar do tempo, a produção artesanal e familiar começou a crescer de forma inesperada.
"Nos anos 90, meu pai, Ademilson, entrou no engenho para criar produtos como licores e coquetéis. Hoje são mais de 40 em que ele foi principal desenvolvedor. Nos anos 2000, entrei no negócio com meus irmãos Bruno e Giovanni."
O g1 visitou o engenho para conhecer a produção e tentar desvendar a receita da "melhor cachaça do mundo", mas a família Tápparo preferiu não revelar o segredo das composições.
"Primeiro é o plantio da cana-de-açúcar e a colheita mecanizada. Depois ela vai para a lavagem, moagem e extração, onde sai a garapa. Aí vem a fermentação e destilação", explica Breno.
Depois, a cachaça é destinada para a produção dos derivados e para os tonéis. É neste momento que vem o principal diferencial: o envelhecimento.
Atualmente o engenho utiliza cinco tipos de madeiras nas dornas e barris para realizar este processo, sendo duas importadas, que são o carvalho europeu e americano, e três brasileiras, que são a amendoim, jequitibá e amburana.
O envelhecimento dos mais de 2 milhões de litros de cachaça é feito em barris e dornas que são armazenados em oito barracões do engenho. Os locais precisam ser úmidos e frescos para que a bebida não evapore neste processo.
Segundo o sócio-proprietário do engenho, o processo de envelhecimento dura de 6 meses a 12 anos. Mas no caso da "melhor cachaça do mundo", o processo pode chegar a 15 anos em barris de carvalho europeu.
A bebida contabiliza 11 prêmios, incluindo a de melhor do mundo. Ela é envasada em uma garrafa francesa que leva pintura, selos de premiação e acompanha um veludo personalizado em vermelho com laço de cetim preto. O valor é de quase R$ 350.
Outra curiosidade é que no local os barracões têm nomes de fundadores de empresas de bebidas no Brasil.
O primeiro barracão, nomeado de Celeste foi criado em 1980 pelo fundador do engenho. O nome é em homenagem ao pai e bisavô de Breno, Celeste Tápparo.
Restaurado em 2016, o local é o principal e mais tradicional do engenho. Ele foi construído praticamente em cima de uma mina de água, o que aumenta a umidade, além de ser perto de uma mata, que ajuda a manter a temperatura amena.
"Quanto mais úmido e mais fresco o local, menos cachaça se perde no processo de envelhecimento", explica Breno.
'Boom' da bebida
Apesar do sucesso do engenho da família Tápparo desde a década de 90, o "boom" veio em 2015, após uma parceria com o cantor Leonardo. Na época, o sertanejo visitou São José do Rio Preto (SP) para realizar um show da turnê Cabaré e conheceu a cachaça.
Levando o nome da turnê realizada em todo Brasil por Leonardo, a cachaça começou a fazer sucesso além do interior de São Paulo.
Em 2018, o sucesso era tão grande que o engenho fez uma parceria com um grupo com o objetivo de aumentar a distribuição da bebida em todo país.
Mas com a chegada da pandemia da Covid-19, em 2020 o engenho sofreu com a perda de receita. No entanto, mais uma vez a música sertaneja conseguiu ajudar a empresa.
O engenho sediou lives de cantores como Gustavo Lima, Marília Mendonça, Jorge e Matheus e Leonardo. Assim, a cachaça voltou a ser procurada em todo país.
"Em 2020, com a pandemia, tivemos dificuldades e fizemos acordos com funcionários. Mas as lives foram outro ponto de crescimento para nós. Como tínhamos o produto da distribuição do grupo em todo Brasil, conseguimos chegar a outros locais nacionalmente."
Do Brasil para o mundo
A maior parte das cachaças fica no mercado interno, mas os concursos com premiações internacionais vêm abrindo portas fora do país.
Atualmente a bebida é exportada para os Estados Unidos e países da Europa, segundo Breno. Além dos prêmios, os produtos também são apreciados por famosos como Ronaldinho Gaúcho.
"Se tivéssemos planejado tudo isso no passado, talvez não teríamos o sucesso que temos hoje", diz Breno.