Todos os setores precisaram se comprometer em reduzir as suas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Para agropecuária especificamente, foi lançado em 2012 o Plano ABC, oficialmente denominado “Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixo Carbono na Agricultura” – um programa que gerou excelentes resultados.
Devido ao seu sucesso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou em abril de 2021 o Plano ABC + – uma atualização do programa, com metas mais ousadas e que devem aprimorar a sustentabilidade da produção agropecuária ao longo da próxima década.
O plano ABC superou as expectativas
O Plano ABC teve por finalidade a organização e o planejamento de ações a serem realizadas para a adoção de tecnologias de produção sustentáveis com ganhos produtivos e baixa emissão de carbono entre os anos de 2010 e 2020.
Com isso houve a expansão de atividades como:
Recuperação de pastagens degradadas;
Integração lavoura-pecuária-floresta;
Sistema de Plantio Direto;
Fixação biológica de nitrogênio;
Plantação de florestas;
Tratamento de dejetos animais.
O Plano ABC ensina a juntar ideias e promover melhorias
Dessa forma, o Brasil conseguiu mitigar 170 milhões de toneladas de CO2 em uma área de 52 milhões de hectares, superando em 46,5% a meta estabelecida.
O sucesso do Plano ABC fez com que o governo ousasse ainda mais nas metas do novo programa. Chamado de Plano ABC +, o objetivo agora é expandir a adoção daquelas atividades listadas no Plano ABC para, pelo menos, outros 72,68 milhões de hectares e assim mitigar cerca de 1,1 bilhão de toneladas de carbono até 2030.
Além disso, foram incorporadas ao programa novas atividades, como adoção de bioinsumos e expansão de áreas irrigadas.
O que foi observado para seguir com o ABC+
Para definir as estratégias do novo Plano, foi levada em consideração uma abordagem integrada das áreas produtivas, com estímulo à regularização ambiental, potencializando a conservação dos recursos naturais, mas sem prejudicar a produtividade e a renda do produtor. Também foram consideradas as estratégias de mitigação das emissões dos GEE.
Um outro aspecto levado em consideração foi o estímulo da adoção e manutenção de sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis. Para um manejo eficiente dos sistemas de produção agropecuários e do fortalecimento de sua resiliência e sustentabilidade é essencial a utilização de práticas conservacionistas.
Essas práticas compreendem um complexo de tecnologias para manejo integrado do solo, da água e da biodiversidade, capazes de garantir a eficiência e a rentabilidade da produção agrícola, ao mesmo tempo que promovem a conservação dos recursos naturais e do ecossistema.
Estratégias do Plano ABC+
Para complementar o bem-sucedido Plano ABC, foram estabelecidos novos objetivos no Plano ABC+, como:
Manutenção e adoção de sistemas de produção conservacionistas;
Fortalecimento do uso de tecnologias e assistência ao produtor;
Estímulo à pesquisa e desenvolvimento de práticas sustentáveis de produção;
Reconhecimento e valorização de produtores que adotam práticas sustentáveis;
Fomento e diversificação de fontes econômicas, financeiras e fiscais vinculados aos sistemas produtivos sustentáveis;
Aprimoramento do sistema de gestão das informações do ABC+, para efetivação do monitoramento, avaliação e comunicação de resultados;
Incentivo à regularização ambiental das propriedades rurais.
Com isso, sempre buscando aumentar a produtividade e renda do produtor e ao mesmo tempo controlar as emissões de gases do efeito estufa.
As estratégias do ABC+ também preveem estímulo a importantes produtos agrícolas do país. Nesse sentido, a certificação agrega valor aos produtos. Hoje já é possível encontrar nos mercados, alimentos com o selo “baixa emissão de carbono” ou “carbono neutro”. A certificação acontece com base em evidência científica e garante que foram produzidos por agricultores conscientes e que buscam a mitigação de CO2.
Com o Plano ABC+ em ação espera-se que nos próximos anos o número de produtos certificados aumente ainda mais.
Ao final, com todo esse estímulo à inovação e uso de tecnologias sustentáveis na agricultura, o Brasil tem condições de aumentar sua produção agrícola no âmbito econômico, social, ambiental e entregar aos consumidores alimentos seguros e de baixa emissão de GEE.