Gastos com sementes de milho chegam a 20% do custo total da lavoura Destaque

Escrito por  Fev 10, 2020

Um dos principais insumos da produção de milho, os gastos com sementes podem chegar a 20% do valor das despesas de custeio da lavoura desse cereal, que é usado tanto na alimentação humana quanto animal e vem sendo testado pelo setor de biocombustíveis para a produção de etanol produzido a partir desse tipo de grão.

Por essa e outras razões, dependendo da região de cultivo, principalmente das condições de solo e do clima, o produtor rural deve optar pela semente ideal, sendo possível obter resultados satisfatórios com investimentos menores, conforme orienta a Unidade Milho e Sorgo (MG) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Segundo a estatal, para plantio no fim da janela da segunda safra, produtores têm buscado materiais de custo mais baixo. Isso porque o risco de perder investimentos faz crescer a procura por sementes mais baratas, aumentando o interesse por materiais convencionais (não transgênicos) e até mesmo por variedades ao invés de híbridos.
Agricultura de baixo investimento

Nesse cenário, o milho BRS 4103, cultivar desenvolvida e lançada em 2007 pela Embrapa, tem sido uma boa opção para alguns agricultores. Cultivar do tipo variedade, ciclo precoce e porte baixo, ela apresenta bom potencial de produção, ampla adaptação e estabilidade produtiva. Além disso, sua planta é mais resistente à antracnose do colmo e ao cercosporiose

“A variedade é especialmente indicada para agricultura de baixo investimento. Apresenta excelente uniformidade, com um bom potencial de produção, ciclo precoce, baixa estatura de planta e espiga, baixo índice de plantas acamadas e quebradas, com espigas bem empalhadas e sadias”, explica o agrônomo Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. Ele também é mestre em Genética e Melhoramento e doutor em Plant Breeding (Melhoramento de Plantas, em tradução livre).

Por causa de sua ampla adaptação, a BRS 4103 foi registrada, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para cultivo em todas as regiões do País.

Custo-benefício

No Estado de Mato Grosso, o produtor rural Marcos Aurélio Ioris Júnior ficou satisfeito com a variedade, ao plantar suas sementes no fechamento da safrinha, no ano passado, em uma área de 50 hectares.

“Não foi em nossa melhor área e foi no final da janela de plantio. Considero o material interessante, porque o custo é baixo e pendoa rápido”, conta o agricultor de Nova Mutum (MT), que colheu 94 sacas por hectare. “O custo-benefício é bom”, acrescenta.

Em Primavera do Leste (MT), o agricultor Moacir Mattana plantou a BRS 4103 pelo segundo ano consecutivo. No plantio escalonado, a variedade entra por último, no fechamento da safrinha. Em 2019, a cultivar ocupou uma área de 30 hectares, tendo sido cultivada no início de março.

“Por causa do risco, eu coloco no final do plantio, por ter custo mais barato. E, como é um material precoce, pendoa mais cedo, tem como plantar depois”, explica o produtor rural, que colheu cem sacas de milho por hectare, em média.

Para Mattana, “compensa pelo custo”. “Se a chuva atrasa a época do plantio, para correr menos risco, você usa mais dele. É um milho sadio, com grão bem formado. Ano que vem (em 2020), pretendo dobrar a área e fazer 60 hectares”, planeja.

De acordo com o agricultor de Primavera do Leste, a precocidade e o custo são as principais vantagens: “Para produtor pequeno, é uma mão na roda esse milho. Fora a palhada que forma. Sobra muita palhada para plantar em cima”, relata Mattana, que também cultiva soja em sistema de plantio direto, na safra de verão.

Outra vantagem percebida por ele é a facilidade de controle de plantas da BRS 4103 com herbicida, para o manejo da cultura seguinte. “Como a variedade não é resistente, o glifosato controla.”
Cultivo em cinco Estados

Dez empresas nacionais, localizadas em cinco Estados (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo), estão produzindo e comercializando sementes desse tipo de variedade.

“Essa cultivar está beneficiando empresas de sementes familiares e, principalmente, agricultores com poucos recursos para aquisição de sementes e outros insumos, em lavouras conduzidas em épocas e ambientes historicamente desfavoráveis e de alto risco para expressão de alta produtividade e rentabilidade”, avalia o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães.


Mais resultados

Em Minas Gerais, o empresário José Sergio Evangelista, da empresa Joia Sementes, conta que os agricultores têm gostado muito do BRS 4103. “É um material de coloração boa, com resistência a acamamento e boa produtividade”, diz o executivo.

A empresa atende às regiões Norte e Noroeste do Estado, com vendas dessa variedade a pequenos produtores rurais, para o plantio na safra de verão.

A cultivar de milho BRS 4103 é indicada para os biomas da Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga e Pantanal.


Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

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