Sirimarco enfatizou que os alimentos perecíveis, entre eles, legumes e verduras, demandam entregas mais rápidas, e ressaltou que o problema do bloqueio de rodovias precisa ser solucionado o quanto antes. Além disso, lembrou que a Procuradoria Geral da República ingressou em 31 de março com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF), para suspender a determinação de bloqueios de estradas e a paralisação dos serviços de transporte.
Com isso, afirma Sirimarco, abastecimento e consumo interno deverão ser normalizados. Porém, com relação às exportação de frutas, por exemplo, ele acredita que a suspensão dos voos internacionais já está afetando os embarques no setor.
“Para se ter uma ideia, nós exportamos um grande volume de mamão para a Europa, que é um grande mercado importador. Em função da paralisação dos voos nos países consumidores, esse quadro mudou. Em janeiro e fevereiro, as exportações brasileiras de mamão estavam a todo vapor; em março, já começaram a ser impactadas e os embarques deixaram de acontecer. 90% das exportações de mamão são realizadas via aérea, em razão da fragilidade do produto”.
Consumo interno
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que consumo de frutas no Brasil caiu de forma considerável em meio à pandemia do Covid-19. Segundo a pesquisadora Marcela Barbieri, na primeira semana de isolamento social houve um “boom” (movimento de alta) nas vendas, mas posteriormente a demanda recuou bastante.
“As vendas estão ainda piores para aqueles produtores rurais que trabalhavam com o mercado institucional, como escolas”, afirmou Marcela.
Exportações
Desconsiderando a questão dos transportes, Sirimarco afirma que as exportações não sofreram alteração até o momento.
“Com relação à soja, devemos bater o recorde de exportações em março. A expectativa é bastante animadora. A China continua comprando (soja), e segundo analistas de mercado, o país está aumentando os estoques para se prevenir contra problemas de logística nos Estados Unidos, no Brasil e na Argentina, que são seus principais fornecedores”.
Segundo o vice-presidente da SNA, é preciso “estar atento com o desenrolar dessa crise, para ver como a epidemia está sendo controlada e de que forma os países poderão voltar à normalidade”.
“Devemos também considerar os impactos econômicos que vão influenciar efetivamente a demanda. Esse é um problema que temos de verificar aqui no Brasil, porque a queda da renda vai implicar numa redução do consumo”, conclui Sirimarco.
Fonte: Cepea