Uma nova onda de nervosismo fez com que a cotação do dólar em relação a nossa moeda subisse dia após dia, rompendo ontem a barreira dos quatro reais (fechou a R$ 4,0350) e encerrando hoje, sexta-feira, a R$ 4,10. O cenário externo também contribuiu com a alta. A divulgação de dados acima do esperado nos EUA fortaleceram a moeda americana globalmente (Valor e Estadão).
O ambiente carregado na política brasileira aumentou as incertezas e derrubou o ânimo do mercado. O dólar disparou, voltando a patamares praticados às vésperas da eleição presidencial. Ontem o humor do mercado piorou ainda mais e o Ibovespa desceu à mínima do ano quando a mineradora Vale informou que há risco iminente de rompimento de mais uma barragem. Hoje o Ibovespa trabalhou no campo positivo.
Até ontem os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque resistiram bem à forte desvalorização do real, trabalhando sem grandes oscilações e quase sempre no campo positivo. Depois de o dólar fechar acima da barreira psicológica dos quatro reais, hoje nossa moeda caiu mais 1,61% e acabou empurrando as cotações do café na ICE para o negativo. Os contratos para julho próximo fecharam com perdas de 265 pontos. Com a queda de hoje, no balanço da semana, esses contratos para julho recuaram 180 pontos.
A escalada do dólar frente ao real ativou o mercado físico brasileiro. Os compradores foram subindo suas ofertas dia a dia e os cafés arábica de boa qualidade a finos foram comercializados entre 370 e 400 reais, com alguns lotes maiores, com alta porcentagem de peneiras 17 e 18 passando dos 400 reais.
Apesar dos contratos com vencimento em julho próximo na ICE caírem hoje 265 pontos e 180 na semana, a forte subida do dólar frente ao real – 4% em uma semana – não deixou os preços em reais no mercado físico brasileiro recuarem hoje. Na parte da manhã ainda saíram diversos negócios nas mesmas bases de ontem. No período da tarde, o mercado acalmou. Mesmo com mais uma forte alta do dólar frente ao real, a combinação da queda dos contratos de café em Nova Iorque com o término da semana fez os compradores optarem por adiarem novos negócios para a próxima semana. Muitos cafeicultores também preferiram adiar vendas, aguardando uma melhor definição do cenário econômico e político.
A colheita da nova safra avança, mas as chuvas estão atrapalhando bastante os trabalhos em muitas regiões produtoras de café. A qualidade dos primeiros lotes oferecidos ao mercado preocupa e traz insegurança. Os cafeicultores torcem para que o período de chuvas acabe e possam trabalhar em ritmo mais regular, conseguindo também uma qualidade média melhor nesta safra de ciclo baixo.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem seu segundo levantamento da safra 2019/2020. A produção de café no Brasil deverá ser menor por influência da bienalidade negativa nos cafezais, estimando-se o volume total em 50,92 milhões de sacas beneficiadas. A produção do arábica foi estimada em 36,98 milhões de sacas e a de conilon em 13,94 milhões de sacas, com diminuição de 1,7%. Essa projeção se deve, sobretudo, à expectativa de redução na produção da Bahia e de Minas Gerais, que reduziram área. O mercado não reagiu à nova estimativa da Conab (veja mais detalhes em nosso site).
Até dia 16, os embarques de maio estavam em 870.171 sacas de café arábica, 15.692 sacas de café conilon, mais 29.795 sacas de café solúvel, totalizando 915.658 sacas embarcadas, contra 1.561.646 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 16, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.863.831 sacas, contra 2.293.547 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque (ICE) do fechamento do dia 10, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 17, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 180 pontos ou US$ 2,38 (R$ 9,76) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam, no dia 10, a R$ 473,83 por saca, e hoje, dia 17, a R$ 482,69. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 265 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2018/2019, condição porta de armazém:
R$380/410,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$380/410,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$370/380,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$340/350,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$330/340,00 - RIADOS.
R$320/330,00 - RIO.
R$340/350,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$330/340,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,1000 PARA COMPRA.
Fonte: Café Point.