E se o mercado de proteína animal tem sobrevivido em meio à crise econômica dos últimos anos, o mesmo aconteceu com a carne Angus – para se ter uma ideia, a participação em restaurantes desse tipo de carne cresceu 20% em 2018, de acordo com dados da Associação Brasileira de Angus.
Exigência dos consumidores aponta novos caminhos
Nos últimos anos, as mudanças no perfil e nos hábitos de consumo dos brasileiros têm norteado o esforço das empresas no que tange a sustentabilidade, a preservação de recursos, e a origem dos alimentos.
Para se ter uma ideia da mudança de mentalidade do consumidor brasileiro e da necessidade do mercado Angus em atestar qualidade e origem dos produtos, uma pesquisa realizada com consumidores do país revelou que, no momento de compra, mais de 80% das pessoas considera relevante a presença de selos e outros indicadores sustentáveis na embalagem dos produtos.
Isso aponta claramente que, mais do que fazer, as empresas precisam atestar e mostrar como lidam com questões relacionadas ao meio-ambiente e sustentabilidade. No mercado de proteína animal, questões complexas envolvendo o impacto ambiental da criação pecuária precisam ser tratadas –até para que haja a sustentabilidade do negócio a longo prazo.
Autorregulação: um importante aliado para o crescimento do mercado
Em um mercado com uma expansão tão intensa, é necessário que haja regulamentação para garantia de qualidade – e a autorregulação é um caminho viável para este crescimento sustentável. Essa tem sido a trajetória do mercado de Angus no Brasil, que criou um selo destinado ao setor, em uma iniciativa liderada pela Associação Brasileira de Angus.
Itens como sustentabilidade na criação do rebanho e biossegurança estão sendo cada vez mais apreciados pelos mercados nacionais e internacionais. E devido à demanda dos consumidores, as empresas estão em busca de certificações que garantam cada vez mais confiança, em todas as etapas das negociações.
Parâmetros como a sanidade e bem-estar do animal em sua criação, responsabilidade social e rastreabilidade também fazem a diferença em mercados mais exigentes, como por exemplo, a União Europeia.
O protocolo para certificação exige que sejam adotadas medidas para evitar que os animais sofram ou se encontrem em situação de stress, possuir controle ou registros de entrada e saída de animais, descarte correto de embalagens vazias de defensivos, garantia de não contratação de trabalho infantil e escravo, preservação de nascentes e reserva naturais.
Todos os agentes envolvidos se beneficiam ao assegurar a qualidade de produtos agropecuários, tanto no comércio interno quanto externo. A certificação atende um segmento crescente de consumidores que exigem e valorizam, além de uma carne de qualidade, também a responsabilidade com o meio ambiente, além das práticas sustentáveis, manejo adequado do meio ambiente e sem agredir nascentes e rios.
É a partir de iniciativas como essa que o mercado vai desenhando suas próprias regras, e garantindo a qualidade do produto. Mais do que isso, essas ações são o sinal verde da continuidade dos negócios a longo prazo.
Guilherme Beil Amado é Coordenador Geral de Operações na TÜV Rheinland Brasil
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