O reconhecimento coroou o trabalho da Cooperativa dos Produtores de Cana e seus Derivados da Microrregião de Abaíra (Coopama) e da Associação dos Produtores de Aguardente de Qualidade da Microrregião de Abaíra (Apama), que iniciaram, em 1998, um processo de fortalecimento da marca.
“Contamos com vários órgãos de apoio, dentre eles o Sebrae, que implantou uma estratégia de ação e nos permitiu trabalhar com gestão e resultados. Foi possível contratar consultorias e capacitações para que cada produtor tivesse a dimensão das responsabilidades e pudesse entender que o selo é uma garantia de qualidade, procedência e visibilidade”, explica o presidente da Apama, Evaristo Carneiro.
História
A Chapada da Diamantina testemunhou relevantes momentos da história do Brasil, como o ciclo do garimpo e a era do coronelismo. Atualmente, a economia regional é baseada no turismo e na agricultura, com destaque para a produção da famosa cachaça artesanal da Microrregião de Abaíra.
Os primeiros habitantes da Chapada da Diamantina foram os índios. No século XVII, chegaram os negros e os portugueses, sendo gradativamente povoada por comunidades quilombolas e grandes fazendas. Não tardou para a
descoberta do ouro e do diamante, dando início ao ciclo do garimpo, que perdurou por quase um século.
No início do século XX, o ciclo do garimpo entrou em decadência e se iniciou a era dos coronéis. A principal figura
desta época foi a do coronel Horácio de Mattos, com memoráveis participações históricas, incluindo a ligação com Lampião e a perseguição à Coluna Prestes.
A história da produção da cachaça de alambique confunde-se com a história da região, com uma tradição de mais de 450 anos. No entanto, não há um consenso sobre o início da produção de cachaça: se foi por iniciativa dos escravos ou dos senhores de engenho.
Na década de 1980, os pequenos produtores, interessados na melhoria do seu produto e de sua produção (que era a mesma desde os tempos coloniais), iniciaram um trabalho de beneficiamento e qualidade. Hoje, a cachaça produzida na Microrregião de Abaíra está entre as melhores do Brasil.
Características
A cachaça da Microrregião de Abaíra diferencia-se pelo saber fazer dos produtores, que resulta em um produto de qualidade superior. Apresenta uma graduação alcoólica levemente menor e características sensoriais peculiares, associadas à sua origem e ao controle rigoroso de sua produção, que é feito por meio de avaliação físico-química.
A levedura mais usada na produção é natural da região, a Saccharomyces cerevisiae, o que garante um produto de qualidade e melhor rentabilidade.
Monumento da cachaça no centro da cidade de Abaíra. Foto: Divulgação
Na destilação, as porções denominadas cauda e cabeça são descartadas, e somente a porção coração (que é a verdadeira cachaça de qualidade) poderá ser armazenada, envasada e rotulada com a Indicação de Procedência (IP) Microrregião de Abaíra.
A Microrregião de Abaíra fica a aproximadamente 600 quilômetros de Salvador e se caracteriza, basicamente, por uma estação muito seca dos meses de abril a outubro, e outra estação muito chuvosa entre novembro e março. A área está localizada na região da Chapada Diamantina, abrangendo parte dos municípios de Abaíra, Jussiape, Mucugê e Piatã.
Fonte: Sebrae