Entre 2005 e 2015, a tilapicultura cresceu 223% no país. Todo esse sucesso se deve às características das linhagens com melhoramento genético, que permitem um peixe de desenvolvimento rápido, fácil reprodução, excelente qualidade de carne (se comparado aos outros pescados) e boa adaptação em relação às adversidades dos variados sistemas de produção existentes.
Quer obter ótimos resultados na criação de tilápias? Reunimos, neste conteúdo, 6 dicas essenciais para o piscicultor. Boa leitura!
Como funciona a criação de tilápias?
Diferentemente de outras espécies animais, nas quais as fases de criação são divididas em períodos, na tilapicultura, considera-se o peso do animal. Por isso, o controle e a biometria devem ser realizados semanalmente, sendo estimado o peso médio que determina o ajuste no manejo alimentar e na nutrição das tilápias.
Durante a pesagem, devem ser tomados alguns cuidados para que os peixes não sofram com o estresse decorrente da manipulação excessiva. Afinal, isso pode afetar o desempenho ou, ainda, aumentar a mortalidade.
As fases de criação, por sua vez, são definidas pela alevinagem — período no qual acontece a reversão sexual, o que geralmente é feito por empresas especializadas e passa pela recria e engorda.
Os criadores de tilápia adquirem os alevinos de empresas especializadas com o peso desde 0,5 g a 10,0 g. E ou Juvenis de 10 a 50 g. Entre a Fase de Recria e Engorda, que pode durar de 4 a 8 meses, dependendo da partida do tamanho do alevino ou juvenil e o clima, ) as tilápias são abatidas com o peso entre 700g a 1kg, obtendo-se um ganho médio diário de peso de 4 a 5g.
Os manejos no período de recria e engorda são determinantes para o sucesso da produção. Por isso, os produtores devem estar atentos a fatores como:
qualidade da água, como o nível de oxigênio dissolvido;
pH, (que deve ser neutro,) com valor entre 7 e 8;
amônia(, que pode ser formada em consequência de pH elevado e intoxicar os) versus pH e Temperatura pode ser tóxica aos peixes;
temperatura, que deve estar adequada à fase produtiva;
salinidade da água.
Acontece que, apesar de as tilápias apresentarem maior tolerância às mudanças bruscas na qualidade da água (o que permite menor mortalidade em relação aos outros peixes), o desempenho produtivo pode ser afetado.
Confira, a seguir, 6 dicas essenciais sobre como criar tilápia.
1. Saiba qual é o melhor sistema
Existem vários sistemas de criação de peixes: extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo. Eles se diferenciam principalmente pelo objetivo de criação do piscicultor.
No caso das tilápias, o sistema superintensivo tem se destacado na atualidade, com as opções de produção em tanques-rede, escavada e raceways, que necessitam de maior grau tecnológico dos produtores.
Em sistemas superintensivos, a utilização de rações balanceadas, o monitoramento da qualidade da água, aeradores e as práticas de adubação e calagem são alguns dos recursos que permitem o maior adensamento de peixes. Tudo isso sem que se afetem o desempenho e a qualidade do produto final.
2. Faça um bom manejo alimentar de tilápias
Com relação ao manejo alimentar, é recomendável que seja fornecida a quantidade de ração recomendada pelo fabricante e o técnico da criação, tendo um Guia de Alimentação, que orienta as quantidades de rações diárias e sua frequência, conforme as fases de cultivos, a temperatura e os demais parâmetros de qualidade de água.
As rações na tilapicultura apresentam entre 28% e 55% de proteína bruta, sendo uma das mais usuais a 32% de proteína bruta A expectativa de conversão alimentar é de 1,4 a 1,8 em condições ideais de temperatura .(24 a 30ºC)
Além dos valores de proteína bruta, é importante o valor de proteína e energia digestíveis, considerando o correto balanço entre os demais nutrientes da dieta, como aminoácidos, ácidos graxos, carboidratos, minerais, vitaminas e fibras.
Por isso, um ponto a ser observado para a alimentação da tilápia é a temperatura da água e principalmente o oxigênio somada à densidade, espécie e biomassa do tanque.
Tanque de criação de peixes: o manual da prática correta!
3. Utilize apenas a ração indicada para produção de tilápia
A ração extrusada é a mais indicada para a produção de tilápia, uma vez que o processamento em alta temperatura, pressão e umidade possibilita o maior aproveitamento dos nutrientes pelos peixes , pela melhora na digestibilidade da ração.
Ademais, o processamento de extrusão facilita o manejo alimentar, devido à maior estabilidade da ração na superfície da água. Tendo em vista o hábito alimentar das tilápias, o alimento deve permanecer na superfície da água, evitando desperdícios que oneram a produção ao gerar acúmulo de resíduos no tanque.
4. Ao escolher a composição do alimento, avalie as particularidades do sistema de produção
As rações produzidas para as tilápias devem atender às exigências de manutenção e produção dos peixes. Sendo assim, deve-se considerar as particularidades desse sistema, como o tipo de método de criação, temperatura, o nível de oxigênio da água e a fase de criação. Esses são pontos que vão influenciar a determinação da exigência da composição do alimento.
O objetivo deve ser oferecer uma ração que apresente níveis exatos de energia, proteína e aminoácidos digestíveis, além de vitaminas, minerais e aditivos. Esse cuidado permite um bom desempenho na criação de tilápias e na redução da poluição das águas, causada pelo excesso de nutrientes não aproveitados.
5. Seja proativo para minimizar a taxa de mortalidade na tilapicultura
Na criação de tilápias, a taxa de mortalidade varia de 5% a 10%. Essa oscilação está relacionada a questões como manejo da criação, sanidade do plantel e sobretudo questões ligadas com a qualidade de água . No entanto, alguns cuidados básicos podem minimizá-la. São eles:
uso de telas protetoras para pássaros;
monitoramento da qualidade de água;
manejo da alimentação;
manejo sanitário, controlando a presença de parasitas e enfermidades.
6. Respeite as normas da criação de tilápias
Para os produtores que optarem pela criação de peixes em tanque-rede em águas da União, é necessário seguir as normas estabelecidas pela legislação. Elas consistem em:
obtenção do Registro de Aquicultor no Ministério de Agricultura;
licenciamento na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema);
autorização de uso da água pela Gerência Regional de Patrimônio da União (GRPU).
Quais são os locais para a criação de tilápia?
Para que a sua produção seja feita de forma eficiente, garantindo melhores resultados, é importante escolher os melhores locais para a criação. Afinal, problemas nesse processo podem atrapalhar a produtividade e render menos lucro do que o esperado. Veja, portanto, quais são os lugares mais indicados para essa prática.
1. Tanques escavados ou alteados de terra
Normalmente, esses são os tanques utilizados para o processo de alevinagem, berçário das tilápias. Mas, também utilizados muito na fase de crescimento e terminação.Seu formato retangular favorece, justamente, a despesca dos peixes. É um tanque transitório, utilizado apenas no período de berçário, que, normalmente, dura 2 meses. Então, os peixes são levados para outro tanque.
2. Sistemas de tanques-rede em represas ou grandes açudes
O objetivo aqui é utilizar o espaço para o crescimento das tilápias até que elas alcancem o peso de abate. Esse período dura, em média, 4 meses.
3. Sistema de recirculação de água
O sistema de recirculação de água é é uma possibilidade super intensiva de criação. Ele garante a renovação dos tanques, algo fundamental para garantir maior qualidade para a subsistência dos peixes.
Para a criação de tilápias, isso é fundamental, principalmente, pela intensidade do manejo na criação. Como há a necessidade de oferecer mais ração para seu crescimento no dia a dia, também é imprescindível realizar a renovação, tornando o espaço mais produtivo para os objetivos. Algumas dicas importantes para isso são:
defina previamente se o reaproveitamento será parcial ou total;
implemente um manejo adequado na propriedade, considerando o consumo de ração no local;
respeite o espaço que você tem em sua propriedade. Caso não consiga comportar o tamanho de sua criação, os resultados podem ser desastrosos;
confira opiniões de especialistas nesse tipo de manejo;
tenha um sistema de aproveitamento dessa água, que pode ser utilizada como hidroponia para, por exemplo, auxiliar na irrigação de frutas e vegetais, gerando receita adicional.
Para saber quantos tanques serão necessários para a criação de tilápias, é importante considerar o objetivo. Por exemplo, se a ideia é um consumo próprio, tanques pequenos conseguem ser utilizados. Contudo, se o objetivo é a comercialização, será preciso considerar as métricas de produtividade.
E se você ainda tem alguma dúvida sobre como criar tilápias e outros peixes, confira nosso e-book imperdível!
Quais são os eventos para a criação de tilápias?
Mas, afinal, quais são os eventos que fazem parte da criação de tilápias? Vamos ver, a seguir, as etapas que os criadores devem cumprir:
Alevinagem: Reprodução natural ou artificial (incubação laboratorial) para dar origem as larvas, pós larvas e alevinos. É quando se realiza a masculinização das pós larvas geneticamente fêmeas.
Berçário: Os alevinos masculinizados são transformados em juvenis, pronto para avançarem para a fase de engorda.
Engorda: Etapa de crescimento vigoroso a partir dos juvenis preparados para se desenvolverem e depositarem o máximo de filé.
Despesca: Etapa da colheita final do trabalho de cultivo.
Compreender as particularidades da criação de tilápias é essencial para o sucesso da piscicultura. Ainda assim, é importante ter conhecimentos em gestão rural, além de utilizar uma composição nutricional adequada para as rações e proporcionar uma qualidade de água, garantindo a rentabilidade do negócio.
Agora que você já sabe como criar tilápia, entenda a importância das certificações na escolha da nutrição animal. E se quer apoio especializado para auxiliar na tilapicultura, entre em contato com a Vaccinar!
Este conteúdo foi elaborado com a colaboração de Bruna Ponciano Neto, especialista em Aqua & Pet, Nutrição & Tecnologia na Vaccinar.
Fonte: nutricaoesaudeanimal.com.br