O crisopídeo, conhecido popularmente como “bicho-lixeiro”, é eficaz no controle de diferentes pragas, como os afídeos, pequenas lagartas, ácaros, cochonilhas, moscas brancas e pulgões. No entanto, para que o agricultor possa utilizar esse inimigo natural para proteger sua plantação, é preciso que o inseto esteja disponível na proporção necessária. Na UFLA, os pesquisadores mantêm uma criação de crisopídeos em pequena escala, em quantidades que atendem às necessidades de pesquisa.
Para que a população do predador seja maior, são necessárias novas técnicas de criação. Por isso, pesquisa orientada pela professora Brígida Souza e desenvolvida pelo doutorando Carlos Eduardo Souza Bezerra já chegou à formulação de uma dieta artificial que atende bem a um período da vida da larva do crisopídeo, um passo importante para que possa ser criado em grande número. Outros aspectos que estão em teste são: métodos para remessas pelos Correios, número de indivíduos da população predadora que deve ser liberada na lavoura, interações com outros organismos presentes na cultura, entre outros.
Além desses estudos, em pesquisa recente desenvolvida em estágio “sanduíche” realizado nos Estados Unidos, o doutorando Jordano Salamanca Bastidas testou moléculas químicas voláteis na atração de crisopídeos. O estudante constatou a viabilidade do uso desses compostos, não apenas para manter a população dos insetos liberados na lavoura, mas também para atrair outros inimigos naturais que poderão contribuir para a redução populacional da praga. No momento, o estudante está avaliando o desempenho desses compostos voláteis nas condições brasileiras e os resultados preliminares têm se mostrado promissores.
De acordo com a professora Brígida, empresas produtoras de plantas ornamentais de Itapeva (MG) e outras regiões do estado já demonstraram interesse em utilizar o controle biológico de pragas em substituição aos produtos químicos. “Muitas de nossas pesquisas já trazem resultados que vão colaborar para que os produtores possam investir nesse caminho”, comenta. Ainda segundo a professora, os estudos realizados em laboratório já demonstram, por exemplo, que é promissora a interação entre crisopídeos e outros inimigos naturais presentes nas culturas de rosas. “O próximo passo será testar essa interação em ambiente protegido e, finalmente, experimentá-la em cultivos comerciais, junto aos produtores.”
Uma aplicação prática do controle com crisopídeos
Em dissertação defendida em 2013 pela então mestranda Rebeca Cássia Andrade – orientada pela professora Brígida e coorientada pela professora do Departamento de Administração e Economia (DAE) Maria de Lourdes Sousa Oliveira – são apresentados os resultados de um trabalho realizado na Horta Comunitária da Cohab, localizada na periferia do município de Lavras (MG). A pesquisadora realizou dois testes e, em ambos, comprovou que é possível utilizar estratégias de controle biológico de pragas para atendimento à demanda dos agricultores urbanos de Lavras.
Um dos testes foi feito no câmpus da UFLA e outro na própria horta, para que os agricultores pudessem observar a ação dos crisopídeos sobre os pulgões. O trabalho de pesquisa inseriu-se também na perspectiva da extensão universitária, já que envolveu ativamente os agricultores: suas necessidades foram levantadas por meio de metodologias participativas, foram feitas capacitações técnicas para que conhecessem informações sobre métodos alternativos de produção, além de o estudo ter sido finalizado com um seminário realizado no DEN/UFLA no qual os agricultores puderam participar e contribuir na avaliação dos resultados da pesquisa.
Por: Ana Eliza Alvim
Fonter: http://www.ufla.br