Foram precisos nove anos para concluir a pesquisa de custos de produção e rentabilidade no café. O resultado destaca a redução do custo da mão de obra, a partir do uso de mecanização no processo produtivo. Mesmo assim, o trabalho nos cafezais ainda têm forte participação nos custos.
Outro agravante é o gasto com fertilizantes, que, segundo o estudo, representa mais de 18% dos custos operacionais do produtor de café. O levantamento concluiu ainda que os gastos com a atividade no Brasil aumentaram mais do que a inflação no período pesquisado.
“Eu creio que o estudo vai contribuir para que o produtor possa melhorar a gestão das propriedades. Vai servir para que os agentes econômicos dentro da cadeia do café comecem a observar onde estão agindo melhor, pra que possam contribuir para a racionalidade dos custos”, diz Aroldo de Oliveira Neto, superintendente de Informações do Agronegócio.
O estudo aponta que, dos 300 mil produtores de café do Brasil, 20% estão em grandes áreas e são responsáveis por 80% da produção nacional. Já a maioria dos produtores, 80%, está em pequenas áreas e produz apenas 20% dos grãos brasileiros.
Para Antonio Fernando Guerra, chefe adjunto da Embrapa Café, os números traduzem a falta de renovação dos cafezais nas pequenas propriedades.
“Por exemplo, um pequeno produtor, hoje, tem cinco, seis pequenas áreas. Duas ou três dão lucro, e as outras tiram o lucro do que tá produzindo. Ele teria que fazer a renovação dessas áreas que não estão dando lucro, com material genético de melhor qualidade, tolerância à seca, resistente a pragas e doenças para que ele tenha maior custo de produção e melhor produtividade”, exemplifica o especialista.
O levantamento traz ainda as áreas produtoras que foram destaques positivos e negativos em produtividade. Os municípios de Luís Eduardo Magalhães na Bahia, e Cristalina, em Goiás, mostraram índices altos de investimento em tecnologia e renovação de cafezais.
Já a região de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo, foi a que menos investiu em renovação de pés de café e apresentou os piores resultados de rentabilidade na produção de café.
“A produtividade é o carro chefe, a variável mais importante que o produtor deve olhar na sua gestão. Porque, quanto maior a produtividade, geralmente a receita aumenta muito”, diz Oliveira Neto.
Para a Embrapa, o produtor precisa estar sempre atento à importância de planejar custos e não abrir mão da tecnologia para impulsionar o rendimento dos cafezais.
“Nós já temos definidas várias tecnologias que contribuem para esse aumento de produtividade. Exemplos: nutrição equilibrada, com adubação fosfatada, monitoramento de pragas e doenças, irrigação onde o déficit hídrico é maior e cultivares melhoradas”, recomenda Gabriel Bartholo, chefe geral da Embrapa Café. (Canal Rural)