O último resultado do PNCRC de vegetais disponível no site do Ministério foi divulgado em 2016. No estudo, o índice geral total de conformidade em relação aos produtos de origem vegetal era de 93,34%. Segundo a ministra, que deu as declarações em audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados sobre o registro de defensivos agrícolas, na quarta-feira (30), os dados detalhados serão divulgados em novembro.
“Não podemos desinformar a nossa população e nem colocar pânico em uma coisa que não é exatamente como estão querendo colocar”, afirmou a ministra durante a audiência.
O governo tem sido criticado pelo aumento do ritmo de liberação de novos defensivos agrícolas, cujo número de autorizações bateu recorde neste ano. Entretanto, o governo justifica que o motivo é a agilização de filas e que todos os produtos já tinham sido aprovados pelos três órgãos necessários: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Censo Agro 2017, divulgado na semana passada, mostrou que o número de estabelecimentos que admitiram usar agrotóxicos aumentou 20,4% nos últimos 11 anos. Ainda de acordo com o Censo, 15,6% dos produtores que utilizaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever e, destes, 89% declararam não ter recebido qualquer tipo de orientação técnica.
A ministra disse ainda, durante a audiência, que há projetos para levar a assistência técnica aos pequenos agricultores. “Minha maior preocupação é o pequeno produtor. Esse que muitas vezes não sabe ler. Esse precisa realmente ter assistência técnica, que nunca se fez no Brasil. A assistência técnica está longe de ser boa ainda no Brasil”, afirmou.
Aos parlamentares, ela apresentou dados que demonstraram a evolução do Brasil na área agrícola graças ao uso de tecnologia, defensivos, investimentos em pesquisas e, principalmente, aumento da produtividade. De acordo com a ministra, em 40 anos, a produção agropecuária nacional cresceu 388%, enquanto a área para os cultivos aumentou 33%.
Sobre a agricultura tradicional e orgânica, ela reforçou que não há oposição entre as duas práticas. “Elas são complementares e não excludentes”, ressaltou. A ministra anunciou que, ainda em novembro, será lançada a Política Nacional de Bioinsumos, com o objetivo de incentivar o uso de defensivos biológicos.
Segundo a ministra, a tendência é o uso de defensivos cair no decorrer dos anos, com a substituição desses por outras formas de combate às pragas. “Daqui a 10 anos, não vamos estar mais debatendo o uso de pesticidas, mas sim a edição gênica, que será o grande futuro da agricultura no mundo”, disse.
SNA