A Aquicultura como alternativa na oferta de pescado Destaque

Escrito por  Jan 07, 2020

Tal como era previsível há décadas, a oferta de peixes, crustáceos e moluscos (pescado) proveniente da Aquicultura tem-se vindo a constituir, a nível mundial, como a real alternativa às capturas extractivas, realizadas em meio natural nos Mares e Oceanos, cada vez mais condicionadas e restritivas, e já representa cerca de 50% da oferta mundial no mercado destes produtos, sendo liderada a larga distância pela China, ao nível de países, e pelo camarão asiático, ao nível das espécies mais produzidas.

Na União Europeia ainda não se chegou aos 25%, quedando-se Portugal por cerca de 5% (apenas 13 mil tons em 2017), mau grado os mais de 300 milhões de euros de dinheiros públicos que foram investidos, desde a nossa adesão, nas empresas e no apoio a este sector, sem resultados significativos palpáveis.

Claro que ainda subsistem algumas empresas equilibradas e bem geridas, a produzir boa qualidade, boa amêijoa, ostras, mexilhões, dourada e robalo, etc., mas são pouco representativas do conjunto a que nos referimos. Conjunto este que continua a ter verdadeiro potencial para os investidores e para o país, que urge explorar com coragem e sensatez, retirando ensinamentos dos muitos erros entretanto cometidos, como o provam os investimentos que têm vindo a ser feitos recentemente pelo grupo “Pingo Doce”, designadamente na dourada (Madeira) e no salmão (Figueira da Foz).

Quase 60% da produção nacional em Aquicultura foi constituída, em 2017, pela Amêijoa da Ria Formosa, de superior qualidade e valorizada por isso, e pelo Pregado produzido na sobredimensionada exploração do grupo espanhol Pescanova, em Mira. Esta vasta exploração (investimento então classificado como PIN) terá sido apoiada com cerca de 120 milhões de dinheiros públicos e para-públicos de diversas proveniências, e deveria estar a produzir actualmente mais de 3 vezes aquilo que efectivamente produz (menos de 3 mil toneladas).

Será interessante referir que, em 2017, Portugal importou cerca de 2,1 mil milhões de euros de produtos da pesca (dos quais cerca de 500 milhões de bacalhau), e destas importações podemos afirmar que bem mais de 30% seriam produtos provenientes da Aquicultura mundial, sendo de destacar dentre muitos outros, as brutais importações asiáticas de Camarão, Dourada e Robalo e Salmão.

Só as importações de Dourada e Robalo realizadas por Portugal em 2017, maioritariamente da Grécia, atingiram 18 mil toneladas, com um valor total de 90 milhões de euros, valores que são, só por si, superiores aos referentes à produção total de produtos da Aquicultura nacional realizados nesse mesmo ano.

As importações portuguesas de salmão de aquicultura, essencialmente da Noruega, atingiram 105 milhões de euros em 2017, enquanto as importações de camarões atingiram os 220 milhões de euros, sendo mais de metade proveniente das explorações de aquicultura asiáticas. Como curiosidade assinale-se que o preço médio de importação do camarão chinês foi de 4,4 euros/kg enquanto o camarão proveniente de Moçambique foi registado pelo INE a 10,7 euros/kg.

por António Duarte Pinho, economista/ DinheiroVivo

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