A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse, nesta quarta-feira (12), que o Ministério da Economia garantiu um montante de R$ 10 bilhões para no Plano Agrícola e Pecuário 2019/2020. Ela fez a declaração durante entrevista no programa Central da Globonews.
“Vamos ter um Plano Safra muito parecido com o que nós tivemos no ano passado. O ministro Paulo Guedes ouviu meu apelo e liberou R$ 10 bilhões para fazer a subvenção dos juros. Vamos poder fazer todos os programas que o Ministério tem”, disse a ministra.
O anúncio das condições do crédito rural para o próximo ciclo agrícola, que começa oficialmente em primeiro de julho, está previsto para a próxima terça-feira (18/6). A ideia inicial do governo era ter anunciado na quarta (12/6), mas não foi possível porque havia a dependência de aprovação do PLN 4/2019, que permite ao Tesouro adquirir crédito suplementar para custear despesas em diversos setores, o que ocorreu apenas na noite de terça-feira (11/6).
No início da semana, a participar de um evento do setor, em Campinas (SP), Tereza Cristina reconheceu que o Plano Safra 2019/2020 não será como o desejado e que deve ter aumento de taxas de juros em algumas linhas de financiamento. Ressaltou que os médios e grandes produtores terão novas ferramentas de acesso a crédito e que os pequenos estarão totalmente protegidos para obter financiamentos.
Na entrevista desta quarta-feira (12), ela reafirmou que a necessidade maior de ajuda do governo é dos pequenos produtores. Reconheceu, no entanto, que é preciso modernizar ferramentas de financiamento para a agropecuária brasileira e garantiu que as conversas com o Ministério da Economia têm sido positivas, com a ideia de reduzir subsídios ao setor onde for possível.
“Estamos desenvolvendo muito. Espero que, para o ano que vem, a gente tenha linhas muito mais modernas e possa ir diminuindo, onde dá, os subsídios. Os pequenos produtores precisam de ajuda para se manter na agricultura e há muito o que fazer por eles”, disse ela.
Os subsídios na área agrícola, aliás, estão entre os principais entraves, por exemplo, nas discussões de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Mas Tereza Cristina avaliou que esse acordo nunca esteve tão próximo. Segundo ela, há questões a serem resolvidas em relação aos europeus, especialmente a França, mas o Brasil deve ter ganhos. De outro lado, o mercado brasileiro também precisa ser mais aberto.
“Não podemos pretender ser grandes exportadores de soja, carnes, açúcar e suco de laranja sem ter essa via de mão dupla com consciência e olhando os setores mais vulneráveis. Acho que está se superando algumas coisas que podem vale a pena, mas tem uma linha e não se pode ultrapassá-la”, afirmou.
China e árabes
Tereza Cristina informou que o governo brasileiro ainda aguarda uma resposta sobre a retomada das exportações de carne bovina para a China, suspensas depois da identificação de um caso atípico de mal da vaca louca em Mato Grosso. A ministra lembrou que o protocolo sanitário assinado com o país é o único que prevê a suspensão imediata dos embarques em caso de problemas sanitários e que o Brasil deu todas as informações. A decisão agora está nas mãos dos chineses.
“A OIE (Organização Internacional de Saúde Animal), que rege todos os protocolos sanitários, abriu na sexta-feira (31/5) e nas segunda (3/6), já tinha encerrado o caso porque os documentos comprovavam que não tinha nenhum perigo. Com a China, fomos obrigado a fazer isso (suspender exportações)”, disse.
Independentemente disso, a ministra da Agricultura destacou que a epidemia de peste suína clássica que atinge a suinocultura chinesa pode ser uma oportunidade para a indústria de carnes do Brasil. Segundo ela, o país tem condições de aumentar rapidamente a produção de proteína e direcionar excedentes para o mercado chinês sem deixar de atender outros países para onde exporta nem causar aumentos de preços de produtos no mercado interno.
“É um problema no qual o Brasil pode fazer do limão uma limonada e exportar mais carnes para lá. Mas temos que ter juízo com a nossa sanidade”, disse a ministra, que em maio, fez uma viagem por diversos países asiáticos, da qual saiu com a impressão de que o Brasil é menos conhecido do que deveria ser.
Ela disse ainda considerar superadas as tensões políticas com os países árabes em função da maior aproximação do Brasil com Israel, umas das principais diretrizes da política internacional do governo Bolsonaro. Tereza Cristina disse que pretende visitar quatro países árabes no final do mês de julho, quando espera ter uma percepção melhor sobre o humor desses governos em relação ao brasileiro.
Segundo ela, a discussão relacionada às exportações para o mundo árabe está no incentivo à produção local. Da Arábia Saudita, por exemplo, disse ter recebido a informação de que eles querem comprar produtos brasileiros, mas também querem a indústria brasileira instalada no país. “Estamos conversando. De repente, precisamos perder um dedinho para abrir um leque de oportunidades.”
Fonte: Revista Globo Rural.