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Peixes ornamentais movimentam economia no norte do Amazonas Destaque

Escrito por  Dez 16, 2019

Com mais de mil famílias envolvidas na pesca, no transporte e no comércio dos peixes ornamentais, cerca de cem espécies são exploradas entre os mais de 40 milhões de peixes exportados por ano, que movimentam em torno de cinco milhões de dólares.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) reconheceu a Indicação Geográfica (IG) “Rio Negro” na modalidade Indicação de Procedência (IP), para peixes ornamentais, ou peixes de aquário, como são conhecidos. A IP está localizada no norte do Amazonas, com área delimitada abrangendo os municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro.

O peixe ornamental é um dos poucos recursos oriundos do extrativismo ainda viável no interior da Amazônia. Por mais de cinco décadas a exportação de peixes ornamentais do Rio Negro se manteve em torno de 20-40 milhões de unidades, sendo responsável pela renda de mais s de 60% da população ribeirinha, sustentando as comunidades rurais da bacia do Rio Negro.

A Indicação de Procedência Rio Negro fortaleceu a sociedade local, a gestão participativa, a conservação do meio ambiente e o bem-estar dos peixes vivos ao longo da cadeia produtiva. A partir do reconhecimento, desenvolveu-se um plano de políticas públicas capaz de garantir a preservação desta atividade, incrementando o valor dos peixes comercializados.

Pesca artesanal

A maioria dos peixes ornamentais é de pequeno porte, com ciclo de vida curto (de um a dois anos), com alto potencial reprodutivo e rapidamente renovável. Os peixes são considerados recursos naturais sustentáveis, desde que devidamente manejados, gerando pouco ou nenhum impacto aos ecossistemas.

Como tudo começou

Em meados da década de 1950, o pesquisador Axelrodi, em sua primeira viagem ao Brasil, à procura da espécie de peixe ornamental acará-disco, no Rio Negro, descobriu o cardinal tetra. Logo, montou uma operação envolvendo 50 pescadores, na cidade de Barcelos, para a pesca do peixe.

No início de 1956, as espécies chegaram aos pesquisadores americanos, que as descreveram cientificamente em poucos dias, sendo identificados com o nome de cardinal tetra. A Comissão Internacional de Nomenclatura posteriormente validou a descoberta, adotando o nome científico de Cheirodon axelrodi, em homenagem ao pesquisador.

A descoberta da espécie desencadeou uma grande mudança no comércio de peixes ornamentais, dando origem a um novo ciclo de exportação dos peixes ornamentais do Rio Negro.
As espécies

Entre as espécies mais populares estão o cardinal e o acará-disco. O cardinal tetra é o peixe ornamental mais abundante e cobiçado, por conta do seu colorido ventral, azul e vermelho. Representa mais de 80% do total de peixes exportados por ano. O cardinal prefere as margens dos igarapés, nos remansos, locais de pouca ou nenhuma correnteza e baixa concentração de oxigênio.

Os acarás-disco (Symphysodon spp.) são peixes endêmicos da Bacia Amazônica e figuram entre as principais espécies de água doce exploradas para fins ornamentais no mundo. Tradicionalmente, a pesca de acará-disco se dá nos lagos, com a utilização de dois apetrechos de pesca: rapiché (puçá) e rede-de-cerco.

A pesca com rapiché é realizada principalmente à noite, quando o pescador utiliza uma lanterna para focar (localizar iluminando) os animais e capturá-los individualmente . A rede-de-cerco é utilizada para capturar um maior número de indivíduos que se encontram agrupados entre ramos e troncos submersos, em pescarias diurnas.

Atualmente, cerca de 180 espécies de peixes de água doce são liberadas para a pesca. Entre estas, reguladas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), destacam-se neon verde (Paracheirodon simulans), rodóstomo, (Petitella georgiae), rosa-céu (Hyphessobrycon sp), borboletas (Carnegiella) e apistogramas (Apistogramma).
Ecossistema variado

A bacia do Rio Negro é uma região relativamente intocada, devido à grande área de florestas intactas, rios e ecossistemas variados, como igapó, igarapé e lagos. A ictiofauna, conjunto de peixes da região, é caracterizada pela alta diversidade , com cerca de mil espécies, com mais de 30% endêmicos da bacia. Dentro desta diversidade, encontramos os peixes ornamentais, que constitui uma considerável parcela.

O peixe ornamental é um dos poucos recursos oriundos do extrativismo viável no interior da Amazônia, devido à grande área de planície inundável, à abundância das espécies e à rápida renovação. Trata-se da maior área de pesca extrativista de peixes ornamentais do Brasil.

Fontes: INPI, Sebrae e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

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