Quinta, 21 Novembro 2024

Festa do Pimentão e Semana de Hortifruti de Itápolis: inovação, tecnologia, conhecimento e experiência são as marcas do evento Destaque

Escrito por  Jul 17, 2023

“Para se transformar informação em conhecimento, é preciso de prática”. Com essa frase, o engenheiro agrônomo Silvio Carlos Pereira dos Santos, responsável pela Casa da Agricultura de Itápolis, ligada à área de atuação da CATI Regional Jaboticabal, fez a abertura do evento, relembrando todo trabalho realizado pela instituição, com apoio de parceiros, para apresentar novas alternativas para diversificar a agricultura em Itápolis e região, o que resultou na consolidação da Festa do Pimentão, que hoje faz parte do calendário oficial da cidade.

Em sua 6.ª edição, a Festa do Pimentão de Itápolis e Região, dividiu o espaço com a 5.ª Semana de Hortifruti. Segundo os organizadores – CATI, Sindicato Rural, Faesp/Senar e Prefeitura Municipal de Itápolis –, o objetivo dos eventos é “tornar a produção mais sustentável, atendendo às exigências do mercado, apoiando os produtores para que sejam cada mais profissionais e competitivos, ampliando a utilização de produtos biológicos e acompanhando os avanços tecnológicos”.

“Toda essa evolução na produção olerícola em ambiente protegido no município de Itápolis deu-se ao árduo e constante trabalho dos extensionistas da Casa da Agricultura, com apoio da Regional e de parceiros. Ao longo dos anos, foram desenvolvidas várias ações e projetos que culminaram na diversificação das atividades agrícolas, após a redução do cultivo da laranja”, salienta Oracy Schuindt Jr., diretor substituto da CATI Regional Jaboticabal.

Programação

O evento contou com uma programação abrangente, com palestras, Dia de Campo, estandes de empresas de tecnologia, máquinas e implementos agrícolas, sendo que, na parte técnica, além da cultura do pimentão, a “estrela da festa”, foram abordados diversos temas relacionados à produção de hortifrútis, manejo da soja e do limão, bem como apresentada a cultura do cacau (novidade na região), em uma palestra realizada pelo Grupo Técnico do Programa Cacau SP – desenvolvido pela CATI Regional São José do Rio Preto –,  que já tem produtores interessados no cultivo, por meio do empenho constante da Casa da Agricultura na apresentação de novas alternativas de renda e fixação no campo dos agricultores familiares.

“A Festa do Pimentão e a Semana de Hortifruti estão focadas em dar visibilidade às alternativas de diversificação agrícola criadas para superar a crise da laranja no passado e divulgar essa potencialidade do município”, informa Silvio.


Balanço do evento

Segundo os organizadores, o evento foi um sucesso de público, negócios e inovação: em quatro dias de evento, que reuniu 26 empresas, mais de 1.200 participantes prestigiaram as palestras e o Dia de Campo; um aumento de cerca de 30% em relação ao ano anterior.

Entre as inovações apresentadas, os visitantes puderam conhecer uma Start Up que desenvolveu um sistema de irradiação ultravioleta para controle de fungos; telas com nova tecnologia de controle de radiação solar, com comprovado aumento no controle de pragas e da produção; e insumos biológicos.


Representatividade do pimentão em Itápolis

Itápolis conta, atualmente, com 60 produtores que trabalham com culturas em ambiente protegido (estufas), dos quais 45 cultivam pimentão. Anualmente, no município, o pimentão movimenta R$ 20 milhões, com uma produção de 300 mil caixas, gerando 120 empregos diretos, a maioria na agricultura familiar.

 Silvio conta que o trabalho de cultivo de pimentão não é pesado em relação a outros, mas exige tecnologia, capricho e dedicação. “É um cultivo que exige disciplina do produtor, pois há necessidade de um monitoramento diário; os tratos culturais não podem ser deixados para outro dia, pois dificilmente se consegue reverter uma situação desfavorável, já que as hortaliças em geral possuem metabolismo intenso e ciclo rápido”, ensina o agrônomo, que continua sendo um incentivador do cultivo, “pois com a obtenção de bons resultados ao longo dos anos, estabelecemos um mercado grande para a comercialização, até em outros estados”.

Para que o pimentão se estabelecesse como uma cadeia produtiva importante no município, Silvio destaca as parcerias como chave do sucesso. “Ao longo dos anos, vários parceiros se uniram e acreditaram no trabalho de incentivo à cultura na região, que conta com o apoio total da nossa Regional de Jaboticabal, como o Sindicato Rural de Itápolis, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, a prefeitura municipal e empresas da iniciativa privada. Hoje também contamos com apoio de pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)/SAA e da Embrapa, parceria que resultou na realização, em Itápolis, da primeira capacitação no Brasil para formação de auditores e assistentes técnicos da Produção Integrada (PIF) de Pimentão”, orgulha-se Sílvio, celebrando: “Realmente tem sido um trabalho em equipe”.

Um pouco de história: a visão e o trabalho da CATI no desenvolvimento da cadeia produtiva do pimentão em Itápolis e Região

A história do pimentão em Itápolis se mistura à história do extensionista Silvio, que se apaixonou pela cultura no sistema de estufas e percebeu a possibilidade de oferecer uma alternativa viável e rentável aos pequenos produtores rurais da região.

“Em 2008, no mês anterior à minha posse no cargo de chefe da Casa de Agricultura de Itápolis, disse a minha esposa que iria iniciar um projeto visando transformar Itápolis em referência na produção de pimentão em estufas. Até novembro de 2007, eu trabalhava como conveniado na Casa da Agricultura de Iacanga e lá eu vi como o cultivo em estufas pode transformar a vida dos produtores”, conta o engenheiro agrônomo Sílvio, que percorre também outros municípios vinculados à CATI Regional Jaboticabal, prestando assistência técnica e extensão rural nessa área.

Ele relata que no primeiro dia de trabalho em Itápolis, “deu a sorte” de conhecer o produtor Aguinaldo Rossi e nele identificar a liderança que me ajudaria a iniciar o projeto de produção de pimentões em estufas. Como bom extensionista, teve uma conversa com o produtor e ao final lançou a ideia do cultivo de pimentões em estufas e a formação de uma associação. “Dois dias depois, o Aguinaldo foi à Casa da Agricultura dizer que, além dele próprio, já haviam mais dois produtores interessados em cultivar pimentão. Foi assim, com três produtores, que iniciamos o projeto na cidade que era conhecida como “a capital nacional da laranja”.

Continuando a história, Silvio relata que, todos os dias tinha fila de produtores esperando para fazer um financiamento do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP) ou do Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf) para plantar mais laranja. “Neste momento, eu entendi que precisava criar uma estratégia para chamar a atenção para o cultivo de pimentão. Aí todo final de semana eu ia até Iacanga e trazia quatro pimentões vermelhos e quatro amarelos e punha no canto da mesa. Os produtores entravam em minha sala e eu não precisava falar nada, atraídos pelos pimentões e curiosos começavam a perguntar. Foi então que comecei a formar pequenos grupos de excursão à Iacanga para conhecer as estufas. As perguntas eram muitas: como fazer as estufas, para quem vender, como transportar até os centros de consumo. Eu tinha as respostas para essas perguntas e também para a mais importante que era: eu não entendo nada de pimentão, como vou fazer? Eu ensino. Era a resposta que acabava por convencê-los”, conta Silvio.

De acordo com Silvio, o mercado comprador, a princípio, foi 100% a Ceagesp na capital paulista, com envio feito via transportadora. Hoje, a comercialização é toda feita na própria região e nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, além de supermercados regionais. “Essa transformação ocorreu porque a região de Jaboticabal é produtora de frutas e os compradores que possuíam packing houses de comercialização de frutas se interessaram por comercializar também o pimentão, que tem mercado certo e, no inverno, ainda tem forte demanda pelos compradores da região Sul do País que não conseguem produzir devido ao frio”, explica Sílvio.

No início, foram feitos muitos cursos, alguns sobre manejo e tratos e outros sobre classificação e embalagem excursões e visitas técnicas; enfim, todas visando à capacitação do produtor para que ele pudesse fazer a sua escolha tendo em vista toda a cadeia. “Em relação ao crédito para a instalação das estufas, estavam disponíveis as linhas do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e a maioria atendia aos requisitos de agricultura familiar. Todos os ajustes e acertos estavam feitos, aí foi colocar a ideia em prática e o que era um desafio, um sonho, uma alternativa, virou realidade”.

  •  Por Cleusa Pinheiro – Jornalista MTB 28.487 – Centro de Comunicação Rural (Cecor)/CATI/SAA
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